Os advogados da Casa Branca falaram várias vezes com funcionários do Departamento de Justiça dos EUA, nos últimos dias, sobre as conclusões do relatório do procurador especial Robert Mueller. A informação foi avançada pelo jornal “The New York Times” esta quarta-feira, na véspera da divulgação do documento, ainda com passagens censuradas, resultante da investigação à alegada ingerência russa nas eleições americanas de 2016.
Os democratas criticam estas conversas preliminares, bem como a intenção do procurador-geral, William Barr, de realizar esta quinta-feira uma conferência de imprensa mais de uma hora antes de o Congresso e o público terem a oportunidade de ver o relatório de quase 400 páginas.
Barr fala aos jornalistas às 9h30 locais (14h30 em Lisboa), juntamente com o vice-procurador-geral, Rod Rosenstein, que nomeou Mueller como procurador especial em 2017. No entanto, o Capitólio só deverá receber cópias do relatório entre as 11h e o meio-dia.
“Campanha mediática em nome do Presidente”
Para os democratas, Barr, que foi nomeado pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, tentará moldar as opiniões sobre o relatório antes de este chegar ao público. “O procurador-geral parece estar a promover uma campanha mediática em nome do Presidente”, disse o democrata Jerrold Nadler, que preside à comissão judiciária da Câmara dos Representantes.
“Em vez de deixar os factos do relatório falarem por si mesmos, o procurador-geral adotou medidas sem precedentes”, acusou Nadler, que, com quatro outros presidentes de comissões da câmara baixa do Congresso americano, exigiram que Barr cancelasse a conferência de imprensa, considerando-a inapropriada.
Procurador-geral ouvido nas comissões judiciárias
O procurador-geral deverá divulgar uma versão editada do relatório mas os democratas podem avançar já na segunda-feira com intimações para obterem a versão completa. Barr deverá testemunhar sobre o relatório a 1 de maio perante a comissão judiciária do Senado e, no dia seguinte, perante a comissão judiciária da Câmara dos Representantes.
Barr recebeu o relatório a 22 de março. Quando, dois dias mais tarde, fez o seu resumo, o procurador-geral escreveu que a investigação de quase dois anos não concluía que tivesse havido conluio entre a equipa do então candidato presidencial Donald Trump e o Kremlin. E, apesar de Mueller não ilibar Trump no relatório, Barr inferiu igualmente não haver provas suficientes de que o Presidente norte-americano tivesse cometido o crime de obstrução à justiça.