Internacional

Julian Assange vai “contestar e combater” pedido de extradição dos EUA

Advogada de Assange considera que a detenção do fundador do WikiLeaks em Londres constitui um perigoso precedente para os jornalistas nos Estados Unidos

Jennifer Robinson
Jack Taylor/Getty

O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, vai "contestar e combater" o pedido de extradição emitido pelos Estados Unidos, disse nesta quinta-feira a sua advogada Jennifer Robinson após a comparência do ativista australiano num tribunal londrino.

Assange, 47 anos, foi detido hoje devido a um pedido de extradição emitido pela justiça norte-americana por "pirataria informática", que será examinado numa próxima audiência em 2 de maio, e de um mandato da justiça britânica de junho de 2012 por não comparência em tribunal, delito passível de um ano de prisão. O australiano foi nesta quinta-feira reconhecido culpado por um juiz britânico de ter violado os termos da sua liberdade condicional.

Em declarações aos jornalistas, a advogada de Assange também considerou que a sua detenção em Londres constitui um perigoso precedente para os jornalistas nos Estados Unidos.

Em comunicado, o Departamento de justiça dos EUA acusou hoje o fundador do WikiLeaks de "conspiração para se infiltrar" em sistemas do governo para aceder a informação classificada, que poderá implicar uma pena até cinco anos de prisão. "[Julian Assange] foi hoje detido Reino Unido em conformidade com o acordo de extradição entre os EUA e o Reino Unido, devido ao seu envolvimento numa acusação federal por conspiração para se infiltrar em computadores ao conseguir decifra a palavra-passe de um computador do governo com informação classificada", indica o comunicado.

O mentor do WikiLeaks, detido esta manhã pela polícia britânica na embaixada do Equador em Londres, vai permanecer sob custódia e esperar pela sentença relativa à decisão dos tribunais britânicos em 2012, quando se deveria ter apresentado perante a justiça britânica e responder por alegados crimes sexuais de que foi acusado na Suécia. Em vez de assistir a essa audiência, o australiano refugiu-se na embaixada equatoriana na capital inglesa, onde recebeu asilo político até esta quinta-feira.

Apesar de a Suécia ter retirado o pedido de extradição, a justiça britânica manteve o processo em aberto por Assange não ter comparecido quando lhe foi solicitado. O juiz Michael Snow disse hoje que a defesa de Assange não apresentou uma "explicação razoável" para justificar a falta de comparência do australiano há sete anos.

Num outro desenvolvimento do caso, Assange deverá voltar a 2 de maio ao Tribunal de Westminster, onde hoje prestou declarações, em relação ao processo de extradição para os Estados Unidos, que o acusam de "conspiração" para se infiltrar nos sistemas informáticos governamentais. Está previsto que o 'hacker' e ativista apareça nessa sessão por videoconferência. O juiz afirmou ainda que os Estados Unidos têm até dia 12 de junho para enviar ao Reino Unido a documentação necessária para o pedido de extradição.

O fundador do WikiLeaks recusou entregar-se às autoridades britânicas por recear ser extraditado para os EUA, onde poderia enfrentar acusações de espionagem puníveis com prisão perpétua. Em 2010, o WikiLeaks divulgou mais de 90.000 documentos confidenciais relacionados com ações militares dos EUA no Afeganistão e cerca de 400.000 documentos secretos sobre a guerra no Iraque.

Naquele mesmo ano foram tornados públicos cerca de 250.000 telegramas diplomáticos do Departamento de Estado dos Estados Unidos, facto que embaraçou Washington.