Os deputados da Nova Zelândia aprovaram esta quarta-feira por larga maioria a alteração à lei das armas, menos de um mês depois do ataque a duas mesquitas em Christchurch. A nova lei obteve 119 votos a favor e apenas um voto contra, devendo agora ser promulgada pela governadora-geral neozelandesa, Patsy Reddy.
No seu discurso, a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, disse ter confirmado junto das autoridades do país de que a arma do atirador australiano, Brenton Tarrant, de 28 anos, foi adquirida de forma legal e que o criminoso possuía uma licença de porte de arma.
“Não posso tolerar que as armas possam causar tamanha destruição e mortes em larga escala, através de armas legais. Não posso tolerar que as nossas leis permitam que estas armas sejam de fácil acesso e esteja tudo bem. Porque não está”, declarou a governante perante os parlamentares citada pelo jornal “New Zealand Herald”.
Jacinda Ardern lamentou ainda a meia centena de vítimas mortais causadas pelo massacre em Christchurch, sustentando que a alteração da lei das armas visa evitar ataques idênticos. “Cinquenta pessoas morreram e não têm voz. Nós, nesta câmara somos a voz delas. E hoje usámos a sua voz de forma alargada e expedita”, acrescentou a primeira-ministra.
Pouco depois dos atentados, a governante anunciou a proibição da venda de todas as armas de assalto e semiautomáticas e também as peças utilizadas para converter armas comuns em semiautomáticas de estilo militar. Visivelmente emocionada, Jacinda Ardern prometeu que a legislação relativa às armas iria mudar para evitar situações semelhantes no futuro.
De acordo com os dados oficiais, existem cerca de 1,2 milhões de armas entre os 4,8 milhões de habitantes da Nova Zelândia.
Nesta altura, o país mantém o nível de alerta terrorista elevado, o que significa que um novo atentado é “muito provável”. Várias manifestações e desfiles têm sido cancelados, por exemplo, na cidade de Auckland face à ameaça terrorista.
Esta segunda-feira, a primeira-ministra da Nova Zelândia anunciou que a Comissão Especial que irá investigar o ataque em Christchurch vai começar os trabalhos já no próximo dia 13 de maio para apurar as responsabilidades do principal suspeito e perceber o que falhou por parte das autoridades.