Na mesma semana em que o comissário para a Privacidade na Nova Zelândia, John Edwards, criticou a reação do Facebook em relação aos ataques a duas mesquitas em Christchurch, a empresa fundada por Mark Zuckerberg colocou fim ao silêncio sobre o tema.
Reconhecendo as críticas dirigidas ao Facebook, a responsável pelas operações da empresa, Sheryl Sandberg, deu razão ao principal argumento apontado pela opinião pública de “que é preciso fazer mais”.
“Muitos de vós têm o direito de questionar como as plataformas online como o Facebook são usadas para fazer circular vídeos horríficos do ataque. Posso assegurar que estamos, por isso, comprometidos em perceber o que aconteceu e continuamos a trabalhar de perto com as autoridades da Nova Zelândia neste âmbito”, afirmou a responsável numa declaração por escrito enviada ao jornal “New Zealand Herald”.
Sheryl Sandberg garantiu que o Facebook já está a avaliar medidas para limitar a transmissão de vídeos em direto na rede social, fazendo-as depender de regras sobre as violações dos estatutos da comunidade.
Ainda de acordo com a responsável pelas operações do Facebook, não é possível antecipar já no que poderão consistir os mecanismos para controlar os diretos divulgados nesta plataforma, sendo necessário avaliar todas as medidas possíveis para boquear conteúdos que incitam ao “elogio, apoio ou representação de nacionalismo branco e separatismo”. Norma essa que passará a constar da política de conteúdos do Facebook.
Sheryl Sandberg disse ainda que o vídeo que foi transmitido, em direto no Facebook, pelo atirador de Christchurch – o australiano Brenton Tarrant, de 28 anos, foi visto por cerca de duas centenas de utilizadores. Com uma duração de 17 minutos, o vídeo foi apenas alvo de queixas cinco minutos antes de terminar.
O comissário para a Privacidade na Nova Zelândia, John Edwards, arrasou há cinco dias o Facebook, lamentando a ausência de respostas por parte da plataforma após o ataque a duas mesquitas em Christchurch.
“O silêncio do Facebook é um insulto ao nosso luto”
“Seria também muito difícil para vocês sobestimarem a crescente frustração e fúria que sentimos em relação à forma como o Facebook facilitou e não conseguiu minorar a profunda dor e as consequências causadas pela transmissão do massacre na vossa rede aos nossos colegas, familiares e compatriotas”, afirmou John Edwards. “O vosso silêncio [do Facebook] é um insulto ao nosso luto”, rematou.
Na sexta-feira, o Facebook anunciou também o lançamento de ferramentas para combater as fake news e a sua eventual influência nas eleições europeias. O objetivo é impedir que a “publicidade online seja usada para interferências estrangeiras” e “aumentar a transparência em todas as formas de propaganda política”, explicou o vice-presidente do FB responsável pelas soluções globais, Richard Allan.
O Twitter adiantou ontem igualmente que está estudar mecanismos para filtrar o conteúdo de tweets demasiado violentos ou que incitam diretamente ao ódio, segundo anunciou a diretora do departamento jurídico da empresa, Vijaya Gadde.