Internacional

Primeira-ministra da Nova Zelândia promete nunca pronunciar nome do autor dos ataques às mesquitas

“Ele é um terrorista. Ele é um criminoso. Ele é um extremista. Mas, quando eu falar, ele não terá nome”, disse Jacinda Ardern. A chefe do Governo assegura ainda que o terrorista “enfrentará toda a força da lei” e encoraja os neozelandeses a reconhecerem a dor da comunidade islâmica esta sexta-feira, quando se assinalar uma semana desde os atentados

Mark Tantrum/Getty Images

A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, prometeu esta terça-feira nunca pronunciar o nome do autor dos ataques a duas mesquitas, em Christchurch, que provocaram 50 mortos e dezenas de feridos.

“Ele tentou muitas coisas com o seu ato de terror, uma delas foi notoriedade e é por isso que nunca me vão ouvir mencionar o seu nome”, disse a chefe do Governo perante os deputados, repetindo a promessa aos jornalistas.

O australiano Brenton Tarrant, um autodeclarado supremacista branco de 28 anos, foi acusado de homicídio na sequência dos ataques de sexta-feira. “Imploro-vos: digam os nomes daqueles cujas vidas se perderam em vez do nome do homem que as tirou”, pediu Ardern. “Ele é um terrorista. Ele é um criminoso. Ele é um extremista. Mas, quando eu falar, ele não terá nome”, acrescentou.

Não pode haver “lucro sem responsabilidade” nas redes sociais

A primeira-ministra assegurou que o terrorista “enfrentará toda a força da lei na Nova Zelândia” e encorajou os neozelandeses a reconhecerem a dor da comunidade islâmica esta sexta-feira, que, além de ser o dia de culto para os muçulmanos, assinala-se uma semana desde os atentados.

Ardern apelou ainda para que as redes sociais façam mais para impedir a partilha de vídeos como a gravação ao vivo do atirador de Christchurch. “Não podemos simplesmente aceitar que essas plataformas apenas existam e que o que é dito e feito nelas não é responsabilidade do local onde é publicado. Elas são o editor, não apenas o carteiro. Não pode dar-se o caso de lucro sem responsabilidade”, sublinhou.

Ainda não foi enterrada qualquer vítima dos ataques

Até ao momento, nenhuma das vítimas foi enterrada devido ao lento processo de identificação e documentação forenses. De acordo com a tradição islâmica, os corpos devem ser limpos e enterrados o mais rapidamente possível após a morte. Esta terça-feira, os corpos de algumas das vítimas já foram lavados e preparados num ritual muçulmano, em parte com a ajuda de voluntários vindos do exterior.

Entretanto, os serviços de imigração da Nova Zelândia estão a processar vistos para as famílias das vítimas que pretendem estar presentes nos funerais. Entre a meia centena de mortos encontram-se migrantes, refugiados e residentes de países como Bangladesh, Índia, Koweit, Paquistão, Somália e Turquia, entre outros, revela a BBC.

Reforma das leis das armas no prazo de 10 dias

Na segunda-feira, a primeira-ministra anunciou que seria apresentada em breve uma reforma das leis das armas. “No prazo de 10 dias desde este horrível ato de terrorismo anunciaremos reformas que, acredito, vão tornar a nossa comunidade mais segura”, referiu. Ardern declarou ainda que será feita uma investigação ao que precedeu os ataques e o que poderia ter sido feito de forma diferente.

Na véspera, a chefe do Executivo já tinha prometido que as leis das armas seriam endurecidas. “Não podemos ser dissuadidos do trabalho que precisamos de fazer quanto às nossas leis das armas. Elas precisam de mudar”, disse.