A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, anunciou esta segunda-feira que o seu Governo tomou decisões de princípio relativamente à reforma das leis das armas. Em conferência de imprensa em Wellington, Ardern prometeu mais detalhes antes de o Executivo se voltar a reunir dentro de uma semana. A decisão surge na sequência dos dois ataques a mesquitas em Christchurch, na sexta-feira, que fizeram pelo menos 50 mortos.
“Isto significa que no prazo de 10 dias desde este horrível ato de terrorismo teremos anunciado reformas que, acredito, vão tornar a nossa comunidade mais segura”, referiu, citada pela Euronews. A chefe do Executivo declarou ainda que será feita uma investigação ao que precedeu os ataques e o que poderia ter sido feito de forma diferente.
No domingo, a primeira-ministra já tinha prometido que as leis das armas seriam endurecidas. “Não podemos ser dissuadidos do trabalho que precisamos de fazer quanto às nossas leis das armas. Elas precisam de mudar”, disse.
Após emissão de licença, proprietários podem comprar quantas armas quiserem
A associação da polícia neozelandesa apelou à proibição das armas semiautomáticas, noticiou a Radio New Zealand. Tentativas anteriores para alterar a legislação falharam devido ao grande lobby das armas e a uma cultura de caça.
Estima-se que existam 1,5 milhões de armas de fogo detidas por privados no país. Todos os proprietários devem ter uma licença mas a maioria das armas individuais não precisa de estar registada – a Nova Zelândia é, de resto, um dos poucos países onde isto se verifica.
Segundo o site GunPolicy.org, a idade mínima legal para se ter uma arma no país é de 16 anos, ou 18 anos para armas semiautomáticas de estilo militar. Os requerentes de licença têm de passar por uma verificação de antecedentes criminais e registos médicos. No entanto, uma vez emitida a licença, os proprietários de armas podem comprar quantas quiserem.
“Perguntas para serem respondidas” sobre papel das redes sociais na difusão de vídeo de ataque
As escolas e as empresas reabriram esta segunda-feira no país enquanto as homenagens às vítimas prosseguiam. O comissário da polícia Mike Bush anunciou um reforço da presença policial, com mais 200 agentes ao serviço.
O australiano Brenton Tarrant, um suspeito supremacista branco, foi acusado de homicídio no sábado e ficou em prisão preventiva sem recurso. Tarrant volta ao tribunal a 5 de abril.
A primeira-ministra disse que o suspeito enviou um manifesto para o seu gabinete nove minutos antes dos tiroteios. Um dos ataques foi parcialmente transmitido em direto no Facebook antes de ser removido. Há “perguntas para serem respondidas” sobre o papel das redes sociais na circulação deste vídeo, avisou ainda a chefe de Governo.