Internacional

Antigo diretor de campanha de Trump violou acordo de confissão com Mueller, diz juíza

A juíza encontrou uma “preponderância” de provas de que Paul Manafort mentiu. Em causa estão as suas comunicações com um ex-parceiro de negócios que terá laços com os serviços russos de informação e outras questões importantes para a investigação à interferência russa nas eleições de 2016 e ao possível conluio entre o Kremlin e a campanha de Trump

Alex Wong/Getty Images

Paul Manafort, antigo diretor de campanha do Presidente dos EUA, Donald Trump, violou o seu acordo de confissão com a equipa do procurador especial Robert Mueller ao mentir sobre questões importantes para a investigação à interferência russa nas eleições de 2016 e possível conluio entre o Kremlin e a campanha de Trump. A decisão da juíza distrital Amy Berman Jackson concluiu esta quarta-feira semanas de disputas entre os advogados de Manafort e a equipa de Mueller sobre se aquele mentiu intencionalmente.

A juíza, que supervisiona o caso num tribunal de Washington, encontrou uma “preponderância” de provas de que Manafort mentiu sobre três assuntos diferentes, incluindo as suas comunicações com o ex-parceiro de negócios Konstantin Kilimnik, que os procuradores dizem ter laços com os serviços russos de informação. Em causa está, por exemplo, a partilha de dados sobre a campanha de Trump e as discussões sobre “um plano de paz ucraniano”, uma proposta que visava acabar com as sanções americanas à Rússia.

Manafort foi, no entanto, ilibado das alegações de que mentiu intencionalmente sobre outros dois assuntos: o papel de Kilimnik num caso de obstrução à justiça e os contactos que o antigo diretor de campanha fez com membros da Administração Trump.

Pelo menos uma década na prisão

Com esta decisão, a equipa de Mueller fica dispensada da obrigação de apoiar uma sentença mais leve, pelo que, segundo especialistas ouvidos pela agência Reuters, Manafort pode ficar pelo menos uma década preso.

Num processo judicial anterior à decisão desta quarta-feira, os advogados de defesa repetiram o argumento de que Manafort nunca mentiu intencionalmente e sublinharam que corrigiu sempre quaisquer erros quando estes lhe foram apontados.

Manafort chegou a acordo com Mueller em setembro do ano passado, quando se declarou culpado de conspirar contra os EUA, uma acusação que incluía uma série de condutas desde a lavagem de dinheiro à falha de registo como lobista de políticos pró-Rússia na Ucrânia, bem como conspiração para obstruir a justiça pelas suas tentativas de manipular testemunhas.

O ex-diretor de campanha de Trump enfrenta ainda uma condenação num caso separado no estado da Virgínia, onde um júri o condenou em agosto por crimes financeiros, incluindo a falta de pagamento de impostos sobre os cerca de 16 milhões de dólares que ganhou com o seu trabalho político na Ucrânia.