O procurador especial que investiga as ligações da Rússia à campanha presidencial de Donald Trump em 2016, Robert Mueller, disse ao tribunal que um milhar de documentos fornecidos pelo Presidente dos Estados Unidos a uma empresa russa que está a ser investigada aparecem no meio de um pacote de material irrelevante que alguém andou a tentar oferecer aos media. O objetivo será o de desacreditar a investigação.
Os documentos em questão foram disponibilizados no âmbito da chamada 'discovery', um mecanismo judicial pelo qual uma das partes (no caso, os procuradores) disponibiliza certos elementos de prova a outra (a empresa Concord Management and Consulting, detida por Yevgeny Prigozhin, um magnata da restauração que tem por alcunha "o chef de Putin", não por acaso).
Nada do que Mueller forneceu à Concord tem natureza especialmente sensível, mas é estranho que esses documentos - que não podem ser fornecidos a gente de fora - tenham acabado por ser usados como foram.
Segundo o Daily Beast, um site de informação, o material que lhe foi oferecido anonimamente, bem como a outros orgãos de comunicação, pretendia ser todo oriundo da investigação de Mueller, mas estava longe de o ser. "Examinámos o material e encontrámos uma salgalhada de documentos já públicos e cópias de 'memes' da IRA (a Internet Research Agency, outra entidade russa ligada a Prigozhin e igualmente acusada), tudo recheado com ficheiros ZIP corrompidos feitos de gigabytes de atas do Congresso escolhidas ao acaso".
Alguém que se autointitulava "HackingRedstone" escreveu no Twitter que tinha tido acesso à base de dados de Mueller e que tinha encontrado lá aqueles documentos. Os investigadores de Mueller dizem não ter nenhuma indicação de que os seus sistemas tenham sido penetrados. Em contrapartida, a utilização de documentos fornecidos a uma das partes num esforço deliberado para criar confusão ("Podem ver todos os ficheiros que Mueller tinha sobre a conspiração da IRA e da Rússia. Apreciem a leitura!", dizia o alegado hacker) parece bastante sugestiva.
A conclusão, segundo Mueller, é a de que o pedido de que mais informação da investigação seja enviada para a Rússia, um pedido recentemente feito pelos advogados da Concord, cria "riscos irrazoáveis para os interesses de segurança nacional dos Estados Unidos".