Um antigo guarda-costas do narcotraficante mexicano Joaquín “El Chapo” Guzmán disse esta quinta-feira em tribunal que viu o seu chefe levar a cabo três assassínios, incluindo um em que a vítima foi enterrada viva.
As mortes descritas por Isaías Valdez Ríos no tribunal federal de Brooklyn, em Nova Iorque, foram as primeiras, num julgamento que começou em novembro, atribuídas diretamente a “El Chapo”, e não a subordinados que cumpriam ordens suas, refere a agência de notícias Reuters.
Atualmente com 61 anos, “El Chapo” foi extraditado para os EUA em 2017 e está a ser julgado por tráfico de grandes quantidades de cocaína, heroína e outras drogas para o país, enquanto líder do Cartel de Sinaloa. Os advogados dizem que o seu cliente foi incriminado por outro poderoso traficante de droga, Ismael “El Mayo” Zambada.
Um prisioneiro enterrado vivo
Valdez, um ex-membro das forças especiais do exército mexicano, afirmou ter começado a trabalhar para Guzmán por volta de 2004 como guarda num dos seus esconderijos nas montanhas. Dez anos depois, foi preso na sequência de acusações dos EUA e está a cooperar com as autoridades.
Segundo o seu relato, em 2006 ou 2007 Zambada entregou a “El Chapo” um membro do cartel rival de Tijuana. Valdez disse que Guzmán manteve o prisioneiro, que já havia sido torturado com um ferro quente, durante vários dias e interrogou-o duas vezes até mandar abrir uma sepultura para o homem. “El Chapo” terá depois disparado sobre o prisioneiro e ordenado que ele fosse enterrado quando este ainda respirava.
Dois prisioneiros atirados para buraco em chamas
Numa outra ocasião, ainda de acordo com as declarações de Valdez, Guzmán torturou dois membros do cartel Los Zetas durante cerca de três horas. Em seguida, terá mandado que se abrisse um buraco e ateasse fogo nele, disparando depois sobre as cabeças de ambos e ordenado que fossem atirados para o buraco em chamas.
A acusação disse esperar concluir as suas alegações na próxima segunda-feira, altura em que os advogados de “El Chapo” poderão chamar as suas testemunhas. Ainda não se sabe se o próprio narcotraficante irá testemunhar.