O narcotraficante mexicano Joaquín “El Chapo” Guzmán pagou um suborno de 100 milhões de dólares (€87 milhões) ao antigo Presidente Enrique Peña Nieto, de acordo com um ex-colaborador do senhor da droga. Nascido na Colômbia, Alex Cifuentes apresentou-se como antigo braço direito de “El Chapo” e repetiu esta terça-feira, no tribunal federal de Brooklyn, algo que alega já ter dito às autoridades norte-americanas em 2016.
Em resposta, o ex-chefe da Casa Civil de Peña Nieto, Francisco Guzmán Ortiz, escreveu no Twitter que “as declarações são falsas, difamatórias e absurdas”, lembrando que foi o Governo do antigo Presidente que “localizou, deteve e extraditou” o narcotraficante. “Desde o início da Administração [este] foi um objetivo prioritário do gabinete de segurança”, acrescentou.
Segundo a agência de notícias Reuters, estas são as alegações mais explosivas a emergir do julgamento de “El Chapo”, de 61 anos, que foi extraditado para os EUA em 2017 para responder a acusações de tráfico de cocaína, heroína e outras drogas enquanto líder do Cartel de Sinaloa. O julgamento começou em novembro do ano passado.
Cifuentes testemunhou que, como já tinha dito às autoridades americanas, Peña Nieto começara por pedir 250 milhões de dólares (€218,5 milhões) e que o suborno fora pago em outubro de 2012 ao então Presidente eleito. O narcotraficante colombiano alega ter informado igualmente que “El Chapo” lhe contou que em tempos recebeu uma mensagem de Peña Nieto dizendo que já não precisava de viver escondido.
Antigo governador do estado do México, Peña Nieto foi Presidente do país entre 2012 e 2018, surgindo como uma estrela em ascensão no Partido Revolucionário Institucional (PRI) mas acabando o seu mandato abalado por escândalos de conflitos de interesses, criminalidade galopante e uma economia em baixa.
Capturado durante a Administração Nieto, em fevereiro de 2014, “El Chapo” fugiu da prisão no ano seguinte através de um túnel de cerca de um quilómetro e meio cavado na sua cela. A fuga constituiu uma humilhação para o Presidente, que viria a anunciar pessoalmente a nova captura do narcotraficante em janeiro de 2016.