Internacional

Nações Unidas. Abrandamento drástico no acesso à internet a nível mundial atinge sobretudo pobres e mulheres

As mulheres e os mais pobres são os principais excluídos do acesso às oportunidades económicas e sociais que a internet traz. Conclusões da Web Foundation são “recordação drástica de que a tecnologia não é uma solução milagrosa que vai resolver as desigualdades”

Kacper Pempel/Reuters

As promessas da revolução digital podem não passar disso mesmo, promessas, para milhares de milhões de pessoas localizadas nas regiões mais pobres e remotas. De acordo com um relatório da Web Foundation que utiliza dados das Nações Unidas, a que o jornal “Guardian” teve acesso, o crescimento do acesso à internet desacelerou, a nível global, de 19% em 2007 para menos de 6% no ano passado.

As mulheres e os mais pobres em zonas rurais são os principais excluídos do acesso à internet. Do total de 3,8 mil milhões de pessoas sem acesso à internet, uma grande proporção são mulheres: em muitas áreas rurais, por cada dois homens que têm acesso à internet apenas uma mulher o tem.

As desigualdades salariais entre homens e mulheres e normas sociais que preveem que, em algumas comunidades, as mulheres não possam ser proprietárias de nada são duas explicações possíveis para este fenómeno.

O relatório é, nas palavras de Nanjira Sambulo, que lidera a ação da Web Foundation para promover um acesso à internet mais equitativo, “uma recordação drástica de que a tecnologia não é uma solução milagrosa que vai resolver as desigualdades que existem e continuam a existir por causa de fatores reais que precisam de ser abordados”. Desafios que, segundo diz ao “Guardian”, foram atirados borda fora.

Vários estudos mostram que o acesso à internet contribui para o crescimento económico. Estar excluído do acesso à internet significa também, segundo o relatório, perder oportunidades económicas, ser afastado de debates públicos online, de oportunidades de educação, grupos sociais ou mesmo de serviços públicos online.

O abrandamento no crescimento significa que as previsões da ONU, que previa que metade do planeta estaria online em 2017, vão falhar e que esse objetivo só será atingido depois de maio de 2019. Isto torna ainda mais difícil alcançar o objetivo de desenvolvimento sustentável da ONU para 2020: acesso à internet para todos.