Em 2016, Durão Barroso garantiu que não faria lóbi em nome do Goldman Sachs, nem que tinha sido contratado para ser lobista. Mas o vice-presidente da Comissão Europeia para o Emprego, Crescimento, Investimento e Competitividade, Jyrki Katainen, confirmou a uma ONG que Barroso pediu um encontro em nome do banco de investimento norte-americano e que chegaram mesmo a encontrar-se num hotel de Bruxelas.
“Na verdade, encontrei-me com o Sr. Barroso da Goldman Sachs no Hotel Silken Berlaymont, em Bruxelas, a 25 de outubro de 2017”, escreveu Jyrki Katainen numa carta citada esta terça-feira pelo EuObserver, datada de 31 de janeiro.
O vice-presidente da CE para o Emprego, Crescimento, Investimento e Competitividade adiantou que durante o encontro foram discutidas sobretudo questões relacionadas com comércio e política de defesa. Na reunião, que foi combinada por telefone, não tirou quaisquer notas, disse Jyrki Katainen.
Esta missiva surge como resposta a uma carta do Corporate Europe Observatory, um organismo dedicado ao lóbi, onde eram solicitadas mais informações sobre o encontro entre o comissário europeu e Durão Barroso.
“À luz da contratação controversa do ex-presidente Barroso pela Goldman Sachs International e das instruções do presidente Juncker sobre como lidar com lobistas, além de instruções públicas de que o ex-presidente Barroso deveria ser tratado como qualquer outro lobista, estamos formalmente a apresentar uma queixa de má administração”, disse o grupo em carta enviada ao secretário-geral da comissão.
Na sequência da polémica, a Comissão criou um comité de ética ad hoc para investigar o encontro, tendo concluído que Barroso não fez nada de errado.
Na resposta às perguntas colocadas pelos jornalistas esta manhã, na conferência de imprensa da Comissão Europeia, o porta-voz da instituição reiterou também que no encontro entre Katainen e Barroso foram discutidas questões relacionadas com comércio e política de defesa e que a reunião não violou nenhuma das regras estabelecidas.