Apesar dos seus 66 metros de comprimento, na imensidão subaquática o submarino argentino S-42 ARA “San Juan” é como uma agulha em palheiro. Mas desistir de encontrá-lo e trazer à superfície, sãos e salvos, os seus 44 tripulantes está fora de causa. E esta segunda-feira, apesar das duras condições meteorológicas, as operações de busca somam e seguem.
Conta o porta-voz da Marinha argentina que se encontram atualmente na zona de operações 11 navios e dez aviões. Em prevenção, estão já as equipas da Marinha dos Estados Unidos especializadas na recuperação de tripulações de submarinos, que aterraram este domingo em território argentino a bordo de dois aviões C-17 Globemaster II.
A bordo dos gigantescos quadrimotores seguia uma câmara de resgate pressurizada, que poderá ser submersa até aos 200 metros de profundidade e içada até à superfície através de um cabo. Uma vez acoplada ao submarino, permitirá retirar seis tripulantes de cada vez. Nos próximos dias deverá chegar um segundo módulo pressurizado de resgate, capaz de alcançar maiores profundidades e de resgatar 16 tripulantes em cada submersão.
Oceanográficos reforçam buscas
Mas de pouco servirá toda esta tecnologia enquanto não for localizado o submarino argentino de propulsão elétrica construído na Alemanha, no início década de 80. Entre os meios navais que participam atualmente na operação de busca destacam-se dois navios oceanográficos, um britânico e um argentino.
O britânico “Protector” está a varrer com o seu sonar – no sentido sul-norte – a rota que vinha sendo percorrida pelo submarino argentino entre a base naval de Ushuaia e o ponto em que reportou a sua última posição, na quarta-feira passada, dia 15, pelas 7h30. O argentino “Puerto Deseado” segue no sentido inverso, tendo começado a procurar o “San Juan” no Mar de Prata, seu destino final, até ao local onde desapareceu a cerca de 430 quilómetros do golfo de San Jorge. Se tudo tivesse corrido dentro da normalidade, o submarino da Marinha argentina teria feito esta viagem em oito dias.
Para além dos meios navais, participam na operação de busca diversas aeronaves. A última a sobrevoar o teatro de operações foi um Hércules C-130 britânico, que se encontrava destacado nas Malvinas. Um P3-Orion do Chile, configurado para a luta antissubmarina, também deverá continuar a procurar o “San Juan”.
Chamadas por satélite investigadas
Mas a esperança de encontrar e resgatar os tripulantes do submarino desaparecido é ainda alimentada pela tentativa de geolocalização do que parecem ser sete tentativas de chamadas via satélite, recebidas este sábado em diversas instalações da Armada argentina. Apesar de todas elas terem sido de baixa e curta intensidade, o secretário-geral da Marinha, o contralmirante Jorge Lorenzo Cisneros, disse ao jornal “La Nacion” que estão a ser investigadas.
Ainda assim, segundo o comandante da Base Naval de Mar de Prata não existem evidências de que as chamadas em causa tenham sido realizadas a partir do submarino desaparecido. “Estamos a fazer uma análise mais aprofundada dos sinais. Os técnicos continuam a tentar perceber se foram mesmo feitas a partir do submarino ou por ele recebidas”, disse o almirante Gabriel González.
As duras condições atmosféricas que se fazem sentir esta segunda-feira nesta zona do Atlântico Sul, onde as vagas chegam aos 8 metros, estão a dificultar consideravelmente a operação dos navios e a comprometer as leituras realizadas com os sonares. Mas nestas situações, pelo menos para os familiares dos 44 militares do “San Juan”, a esperança será a última coisa a morrer.