Internacional

Qatar aceita mediação do Kuwait para resolver crise no Golfo

Doha aceita assim a intervenção do Kuwait numa crise que, sublinhou esta semana o chefe da diplomacia norte-americana, os sauditas “ainda não estão prontos” para resolver

O Sheikh Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, chefe da diplomacia qatari, mantém que Doha está pronta para dialogar
EMMANUEL DUNAND

O Qatar reiterou esta semana que está pronto para dialogar com os restantes membros do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) e pediu aos cidadãos e meios de comunicação social do país que evitem lançar ataques contra “os símbolos do Golfo”.

Num comunicado datado de terça-feira que foi noticiado pela Al-Jazeera esta quinta de manhã, o Ministério dos Negócios Estrangeiros respondeu ao pedido do emir do Kuwait, Sheikh Sabah al-Ahmad al-Sabah, para que todas as partes envolvidas na crise diplomática do Golfo refreiem as tensões e tentem negociar uma solução.

No comunicado, intitulado “O Qatar aprecia profundamente o discurso do emir do Kuwait sobre a crise do Golfo”, Doha volta a sublinhar que a “escalada da situação” não é culpa sua. “Ao longo da sua história, o Estado do Qatar buscou todos os meios de reconciliação e adotou estratégias civilizadas e pacíficas para resolver conflitos, como estabelecido pela sua diplomacia ativa ao longo de décadas”, lê-se no documento.

Na prática, Doha aceita assim a medição do Kuwait numa crise que, sublinhou esta semana o chefe da diplomacia norte-americana, os sauditas “ainda não estão prontos” para resolver. “Em linha com a abordagem do emir do Qatar no seu discurso ao povo do Qatar a 21 de julho de 2017, pedimos aos cidadãos, aos residentes e a todos os media no Qatar que evitem abusar de símbolos do Golfo. O Qatar acredita fortemente na justiça da sua posição nesta crise e na sua adesão ao diálogo com base no respeito mútuo e com base nos seus valores e princípios.”

Na terça-feira, o emir do Kuwait tinha avisado que o CCG enfrenta o total colapso se a crise com o Qatar, iniciada em junho, não for resolvida rapidamente. “Ao contrário dos nossos desejos e esperanças, a crise do Golfo tem o potencial de escalar; por esse motivo, devemos todos estar totalmente cientes das suas potenciais consequências”, declarou o Sheikh Sabah. “Qualquer escalada vai gerar pedidos abertos para intervenção regional e internacional, algo que irá destruir a segurança do Golfo e dos seus povos.”

O CCG é uma aliança política e económica da península arábica que inclui, a par do Qatar, o Bahrain, o Kuwait, Omã, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos (EAU). Em junho, três desses Estados — a Arábia Saudita, os EAU e o Bahrain — decidiram, com o apoio do Egito, suspender as relações diplomáticas com os qataris e impor um bloqueio aos transportes oriundos do pequeno emirado por terra, mar e água.

Os países acusam o Qatar de estar a financiar grupos terroristas e exigem, entre outras coisas, que se afaste do Irão xiita. Doha rejeita categoricamente as alegações e continua a não ceder à lista de exigências apresentada pelos parceiros do Golfo.