Internacional

Sauditas “não estão prontos” para acabar com bloqueio ao Qatar

Secretário de Estado norte-americano continua a tentar mediar as tensões entre o pequeno emirado e o bloco de países que o mantém sob embargo desde junho

Chefe da diplomacia dos EUA já se tinha encontrado com o homólogo qatari em julho
STRINGER

O chefe da diplomacia norte-americana diz que a Arábia Saudita “não está pronta” para encetar negociações diretas com o Qatar que ponham fim crise política instalada no Golfo Pérsico desde junho. Assim explicou Rex Tillerson durante uma visita ao Qatar no domingo. Foi a sua segunda viagem ao emirado desde o início do conflito diplomático. Ao seu lado, o ministro qatari dos Negócios Estrangeiros, xeque Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, disse-se “frustrado” com o comportamento dos quatro países que mantêm o bloqueio ao Qatar há quatro meses.

Antes de chegar ao país, Tillerson esteve em Riade para tentar convencer os sauditas, grandes parceiros árabes dos Estados Unidos, a sentar-se à mesa com os qataris. A tentativa saiu goradae, mais tarde, ao lado de Al Thani, o secretário de Estado norte-americano disse não ter esperanças de que a Arábia Saudita entre em discussões para resolver a crise, pelo menos para já. “Nos meus encontros com o príncipe herdeiro [saudita] Mohammed bin Salman, pedi-lhe diálogo, [mas] não houve nenhuma indicação forte de que estejam prontos para já. Não podemos forçar conversações quando as pessoas não estão prontas para conversar”, argumentou Tillerson.

A atual crise estalou no início de junho, quando a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos (EAU), o Egito e o Bahrain cortaram relações com o Qatar e impuseram um bloqueio aéreo, terrestre e marítimo com o intuito de isolar o vizinho do Golfo, acusando-o de financiar terrorismo e de manter relações demasiado estreitas com o Irão, o rival regional das nações sunitas. Doha continua a rejeitar as acusações e também a lista de exigências que os quatro países apresentariam depois, entre as quais se conta o encerramento da estação de televisão Al-Jazeera.

Este fim de semana, para além da sua viagem a Riade e do seu encontro com o ministro qatari dos Negócios Estrangeiros, Tillerson esteve ainda reunido com o emir do Qatar, Sheikh Tamim bin Hamad Al Thani, dizendo-se depois preocupado com os efeitos desta crise diplomática na estabilidade da região.

“É muito importante que o Conselho de Cooperação do Golfo continue em busca de união”, afirmou aos jornalistas, referindo-se à organização que integra o Qatar, o Bahrain, os EAU, a Arábia Saudita, o Kuwait e Omã. “É mais eficaz quando está unido e ninguém pode dar-se ao luxo de deixar esta disputa arrastar-se. Pedimos a todos que minimizem a sua retórica e trabalhem para reduzir as tensões e dar os passos necessários para a resolver.”