Internacional

700 mil pessoas nas ruas de Barcelona contra “forças de ocupação”

“Forças de ocupação fora! As ruas serão sempre nossas”, gritavam os manifestantes, que exibiam bandeiras separatistas

Perto de 700 mil pessoas, segundo a polícia municipal, manifestaram-se esta terça-feira em Barcelona contra a violência policial que ocorreu no domingo passado durante a realização do referendo independentista na Catalunha, gritando "forças de ocupação fora".

Um porta-voz da autarquia de Barcelona referiu que esta estimativa tem em conta as diferentes manifestações e marchas que estão a decorrer desde manhã naquela cidade.

Durante a tarde, a polícia municipal tinha estimado uma participação na ordem das 300 mil pessoas.

"Forças de ocupação fora! As ruas serão sempre nossas", gritavam os manifestantes, que exibiam bandeiras separatistas, contestando a Polícia Nacional e a Guardia Civil, cujos agentes investiram no domingo contra cidadãos catalães que procuravam votar ou manter em funcionamento assembleias de voto para o referendo, que foi considerado ilegal pelo Tribunal Constitucional.

Para esta terça-feira foi também convocada uma greve geral, que deixou vários monumentos, incluindo a catedral da Sagrada Família, encerrados, o porto da cidade – o terceiro mais importante de Espanha – quase sem funcionar e as equipas do FC Barcelona sem treinar.

Várias estradas foram cortadas e o metro de Barcelona funciona com serviços mínimos, permitindo aos passageiros entrar sem pagar.

Os principais sindicatos tinham apelado para que os protestos paralisassem a região, com mais 7,5 milhões de habitantes e uma das mais ricas de Espanha.

Centenas de milhares de pessoas juntaram-se às manifestações de estudantes, de bombeiros ou de simples cidadãos, indignados com a violência de domingo e pela forma como o Governo central, chefiado por Mariano Rajoy, tem gerido esta crise.

A câmara municipal foi protegida por várias viaturas da polícia, dos agentes locais e dos bombeiros.

"A 1 de outubro, tivemos um país ocupado e eles ainda não se foram embora", comentou à agência noticiosa France-Presse Maria Maura, uma professora de 56 anos.

As manifestações também se têm repetido junto aos hotéis onde os agentes das polícias nacionais estão alojados.

Esta situação de perseguição levou o ministro do Interior espanhol, Juan Ignacio Zoido, a acusar o governo regional de incitar os catalães à rebelião.

A intervenção policial para impedir a realização do referendo sobre a independência da Catalunha no domingo fez 893 feridos, segundo as autoridades regionais, mas apesar da repressão, 42% dos 5,3 milhões de eleitores conseguiram votar, e 90% deles votaram a favor da independência, segundo o governo regional da Catalunha (Generalitat).

A consulta popular foi agendada pela Generalitat, dominada pelos separatistas, tendo o Estado espanhol, nomeadamente o Tribunal Constitucional, declarado que a consulta era ilegal.