Internacional

Merkel voltaria a abrir a porta aos refugiados, como em 2015

Em entrevistas dadas a escassas semanas das eleições gerais na Alemanha, a chanceler voltou a defender a solidariedade europeia na matéria

HANNIBAL HANSCHKE / REUTERS

A chanceler alemã, Angela Merkel, não está arrependida de ter aberto a porta do seu país aos refugiados em 2015. "Foi uma situação extraordinária e tomei a minha decisão baseada no achei certo de um ponto de vista politico e humanitário", disse ela agora ao jornal Welt am Sonntag.

Perante o afluxo maciço de quase um milhão de pessoas, vindas sobretudo da Siria mas também de outros pontos do Médio Oriente e de África, a popularidade antes inexpugnável da chanceler tremeu. Mas ela não lamenta, pois o que estava em causa era uma urgência humanitaria. "Estes tipos de situações acontecem de vez em quando na história de um país. O chefe de governo tem de atuar e eu atuei".

Merkel falou ao WaS e outros órgãos de comunicação a quatro semanas das eleições gerais alemãs, numa altura em que as sondagens atribuem ao seu partido, a CDU, uma vantagem de cerca de 15 por cento em relação ao rival mais próximo, o SPD, dirigido pelo antigo presidente do Parlamento Europeu, Martin Schultz.

A posição de Merkel ficou temporariamente ameaçada devido à crise dos refugiados, sobretudo depois se constatar que dezenas tinham participado na vaga de assaltos ocorridas em Colónia durante as festividades de Ano Novo em 2016. Essas notícias contribuíram para a subida do partido antiemigrantes Alternativa para a Alemanha.

Entre 2015 e 2017, porém, o número de refugiados que entraram na Alemanha diminuiu drasticamente, graças ao fecho da chamada rota dos Balcãs e outros fatores. O assunto pareceu ter voltado a ficar sob controle, e a eleição de Donald Trump ajudou os alemães a apreciar as vantagens de ter um chefe de governo estável e experiente.

A emigração mantêm-se um tema polémica, e notícias recentes sobre refugiados a quem foi concedido asilo e que de vez em quando vão passar uns dias no país onde alegadamente eram perseguidos não caíram bem na opinião pública. A chanceler concorda. "Fazer férias no sítio onde se é perseguido não parece bem", disse ela agora, avisando que essas situações podem levar à reapreciação dos processos de asilo.

De qualquer modo, o seu empenho principal neste momento é conseguir que todos os países europeus participem no acolhimento aos refugiados, não sobrecarregando unicamente a Grécia e a Itália. As recusas de países como a Hungria, na opinião de Merkel, são pouco solidárias. "Isto contradiz o espírito da Europa", afirmou ela. "Vamos ultrapassar isto. Levará tempo e paciência, mas conseguiremos".