O papa Francisco autorizou a Igreja francesa a iniciar as investigações preliminares para o processo de beatificação do padre Jacques Hamel que foi decapitado por dois jovens jiadistas a 26 de julho quando celebrava missa na igreja de Saint-Étienne-du-Rouvray, perto de Rouen, noroeste de França.
O anúncio ocorreu domingo, no dia em que a igreja onde o padre de 85 anos foi selvaticamente assassinado voltou a abrir portas pela primeira vez para a realização de uma cerimónia.
As normas do Vaticano estipulam que as investigações só comecem cinco anos a pós a morte dos candidatos a santos. Mas o papa indicou que autorizou a que tenha já início a recolha de testemunhos, tendo em conta que as testemunhas possam morrer ou esquecer-se dos factos entretanto.
Numa missa realizada em meados de setembro no Vaticano em memória do padre Hamel, o papa Francisco não deixou dúvidas sobre a intenção de aprovar o processo de beatificação , referindo-se ao padre Hamel com um “mártir”, a quem todos devem a “fraternidade, a paz e a coragem de dizer que matar em nome de Deus é satânico”.
No caso das pessoas cujas mortes ocorreram devido a crimes de ódio contra a sua fé, tornando-se em mártires, não é necessário que lhes seja reconhecido a realização de um milagre para que sejam beatificados. A investigação do Vaticano deverá contudo ainda ter de determinar se o padre Hamel pode ser considerado um mártir.
Após a sua decapitação, as autoridades francesas abateram os dois jiadistas que levaram a cabo o atentado posteriormente reivindicado pelo autodenominado Estado Islâmico (Daesh).
O arcebispo de Rouen liderou no domingo a procissão até a igreja onde teve lugar uma ritual de purificação e de apelo à tolerância inter-religiosa.