O terror instalou-se na cidade de Colónia, na Alemanha, na noite de passagem de ano, quando cerca de mil homens invadiram a estação de comboios central, assaltando e abusando sexualmente de dezenas de mulheres. Mas se a Alemanha já estava chocada com os acontecimentos de 31 de dezembro, mais indignada ficou esta terça-feira, quando Henriette Reker decidiu em conferência de imprensa dar conselhos às mulheres alemãs para evitar situações semelhantes.
Manterem-se perto de um grupo de pessoas conhecidas, pedirem ajuda aos restantes transeuntes e - a preferida da internet - manterem-se a um braço de distância de desconhecidos foram as sugestões dadas por Reker, para evitar abusos deste género. O Twitter não demorou a reagir, nalguns casos para fazer pouco das ideias e noutros para se queixar da alegada vontade de culpar a vítima e não o agressor.
Nesta publicação pode ler-se a mensagem “Como prevenir a violação? Não violando”, rematando com a hashtag que está a dominar as redes sociais: #einearmlaenge, ou “um braço de distância”.
Esta internauta sublinha que “pedir às vítimas para mudar o seu comportamento significa que os agressores não terão de mudar o seu”:
Já esta utilizadora resume a intervenção de Reker em duas palavras: “sexismo típico”.
O ministro do Interior Alemão, Thomas de Maiziere, também se manifestou sobre o sucedido, dirigindo críticas à atuação da polícia. “A polícia não deve trabalhar desta forma”, afirmou, citado pela BBC, explicando que a polícia deveria ter intervindo no momento em que tudo aconteceu, em vez de optar por esperar que as queixas aparecessem.
“Onde estás, Merkel?
Já a chanceler alemã, Angela Merkel, telefonou a Reker esta terça-feira para expressar a sua “raiva perante este ataques e abusos sexuais horríveis”. Dirigindo-se às críticas que surgiram depois de se ter sabido que os atacantes eram maioritariamente de origem árabe e africana, a chanceler sublinhou na mesma ocasião que todos os esforços deverão ser feitos no sentido de “encontrar os agressores tão rapidamente quanto possível e castigá-los, independemente das suas origens”.
Na terça-feira à noite, cerca de 300 mulheres reuniram-se perto do palco dos ataques para protestar contra a alegada inação da chanceler alemã neste caso. Nos cartazes era possível ler-se mensagens de indignação como “onde estás, Merkel?”.