“Hoje, sem dúvida, as divisões aprofundaram-se e a liderança tem que enfrentar isso, mas com cuidado”. O mote foi dado por Alexis Mitropoulos e parece que a sugestão do vice-presidente do Parlamento grego foi ouvida.
Esta madrugada, o governo de Alexis Tsipras respirou de alívio depois de um novo pacote de reformas ter obtido a luz verde no Parlamento, com 230 votos a favor, 63 contra e cinco abstenções.
Apesar de esperado este resultado - com os votos favoráveis da oposição -, a dúvida residia no facto de as reformas poderem contar com a oposição dentro do próprio Syriza. Ainda na semana passada, 39 deputados do partido de esquerda radical não tinham votado a favor do acordo alcançado com os credores. Mas desta vez, a divisão dentro do Syriza diminuiu: apenas 36 deputados votaram contra ou abstiveram-se. Até Yanis Varoufakis, que antes alinhara pelo “não” agora alinhou a favor da reforma do código civil e da proteção dos depósitos bancários - tendo alegado que foram duas medidas propostas por si e que as circunstâncias mudaram.
Ainda assim, além da oposição dos deputados do Partido Comunista Grego e da Aurora Dourada, registaram-se também 32 votos contra dentro do próprio Syriza.
Nem os apelos do primeiro-ministro e do ministro das Finanças, Euclid Tsakalotos, que alertaram para a necessidade de se votar a favor das medidas para o país continuar no euro, foram suficientes para convencer todo o partido.
“A partir de agora o governo vai focar todos os esforços para levar a cabo as negociações de forma a que o acordo possa ser alcançado”, declarou a porta-voz do Executivo helénico, Olga Gerovasili, citada pela AP.
O ex-ministro da Energia, Panagiotis Lafazanis, garante que apesar das diferenças que opõem membros do Syriza o partido continua unido. “Tudo correu bem. O Syriza está unido na diversidade. O partido sempre foi assim e vai continuar a ser no futuro”, sustentou.
Oposição pede mais consenso e promete colaborar
A oposição alerta porém para a necessidade de um maior consenso no governo grego, de forma a concluir com sucesso as negociações com os credores para um terceiro resgate.
“Haverá um pouco mais de tempo para o governo, no entanto, tem de haver um plano, e tem que haver uma coesão e cooperação nacional. Sem algum tipo de coesão e cooperação nacional não podemos continuar com a política partidária e o populismo e todos os tipos de luta do partido. Temos que construir um consenso”, adverte Evi Christofilopoulou, membro do Pasok (socialistas).
“Estamos todos aqui para apoiar o acordo. O que queremos é que a Grécia continue na Europa, por isso temos que fazer o melhor por este objetivo”, indica por seu turno Sophia Voultepsi, do partido Nova Democracia.
Durante a maratona de debate, Alexis Tsipras - que já admitiu não acreditar no acordo alcançado com os credores - apelou aos deputados para votarem a favor do novo conjunto de reformas, “atendendo às preocupações e as expectativas de milhares de pessoas que depositaram a sua esperança” no governo.
Euclid Tskalatos defendeu, por sua vez, que era ”muito importante” aprovar as medidas para se iniciarem de imediato as negociações com os credores.