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Recomendações sobre terapia inovadora debatidas amanhã na Assembleia da República

Deputados da Comissão de Saúde vão receber relatório com recomendações sobre a implementação de terapias celulares na oncologia. Conferência que junta doentes, médicos e políticos acontece esta terça-feira, numa organização da NOVA Center for Global Health com o apoio da Kite e o Expresso como media partner

Ricardo Ferreira e Ana Corista são apenas dois nomes entre as cerca de duas centenas de doentes em Portugal que, desde 2019, já tiveram acesso a um tratamento inovador para cancros de sangue. O número é baixo, mas pode vir a crescer nos próximos anos se a terapia que é hoje de acesso restrito vier a ser disponibilizada a mais pessoas com estas e outras patologias. “Neste momento é aplicada a um número muito restrito de situações oncológicas, que se conta pelos dedos de uma mão”, aponta o investigador Henrique Lopes.

O especialista da Nova Information Management School (NOVA-IMS) integra a extensa lista de peritos que participaram, ao longo de meses, no projeto SHARP – uma iniciativa daquela entidade, com apoio da farmacêutica Kite, para criar uma lista de recomendações ao Governo sobre a implementação de terapias celulares em Portugal. “Em breve, e estou a falar de dois ou três anos, vai ser possível aplicar esta tecnologia a uma enormidade de condições oncológicas”, acrescenta Henrique Lopes.

40%

é a percentagem de doentes que consegue alcançar a cura com a terapia de células CAR-T. Número é acima dos cerca de 10% de pessoas curadas sem esta inovação

O relatório final será apresentado esta terça-feira, 8 de julho, numa conferência organizada na Assembleia da República que juntará, além de doentes e peritos, os deputados que compõem a Comissão Parlamentar de Saúde. "O que consideramos como sucesso é conseguir chegar ao decisor político, para que ele esteja munido de todas as condições para que possa decidir com base na evidência científica e, de algum modo, vir a obter algum efeito na legislação”, explica o investigador.

Entre os desafios apontados por doentes e médicos estão a facilidade de acesso a estas terapias e a organização da prestação de cuidados de saúde, de forma a que o sistema seja capaz de dar resposta a quem precisa deste tratamento. Quanto à importância, o hematologista e presidente da Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL), Manuel M. Abecassis, lembra que “40% dos doentes que fazem tratamento com células CAR-T ficam efetivamente curados”, um avanço significativo face aos cerca de 10% que até aqui conseguiam atingir a cura.

“Estamos numa fase em que estamos a ter grandes desenvolvimentos tecnológicos e a questão é mesmo como democratizá-los. E a democratização passa exatamente por garantir que os Estados têm capacidade de financiar estas inovações”, considera Fernando Leal da Costa, ex-ministro da Saúde e um dos participantes no projeto SHARP

Ricardo Ferreira e Ana Corista são testemunhas em primeira pessoa sobre o poder que a tecnologia tem para salvar vidas, já que tanto num caso como no outro não teriam sobrevivido sem ela. “Foi um dos melhores presentes da minha vida”, conta Ana Corista, depois de ter vencido um linfoma folicular.

"Pelo facto de ser [um tratamento de] terceira linha, muitas vezes estamos a falar de uma decisão de vida ou morte”, sublinha Henrique Lopes, que espera que o relatório produzido pelo NOVA Center for Global Health, da NOVA-IMS, seja tido em conta pelos decisores políticos. “A nossa intervenção é técnica. O que os políticos fizerem é entre eles e os seus eleitores”, remata.

SHARP | Rumo à inovação nas CAR-T

O que é?

A iniciativa SHARP, do NOVA Center for Global Health da NOVA IMS com o apoio da Kite (uma empresa da Gilead Sciences) e o Expresso como media partner, propõe uma agenda estratégica para garantir o acesso equitativo às terapias celulares em Portugal, com especial foco na tecnologia CAR-T. O relatório apresentado no dia 8 de julho reúne recomendações concretas de um grupo de peritos, que se reuniu ao longo de vários meses, com o objetivo de envolver todos os intervenientes do setor da saúde em torno de uma resposta coordenada, sustentável e centrada nos doentes.

Quando, onde e a que horas?

Terça-feira, dia 8, às 10h30, na Assembleia da República. É possível assistir, via streaming, através do Facebook do Expresso (ver mais info abaixo).

Quem são os oradores em destaque?

  • Ricardo Baptista Leite, Chairman do NOVA Center for Global Health (NCGH) da NOVA-IMS;
  • Henrique Lopes, Diretor do NCGH da NOVA-IMS;
  • Laura Moura, Diretora-adjunta do NCGH da NOVA-IMS;
  • Xavier Barreto, Presidente APAH;
  • Maria Gomes da Silva, Hematologista IPO Lisboa;
  • Tomás Lamas, Fundação Batazu;
  • Manuel Abecasis, Hematologista e Presidente da APCL;
  • Deputados da Comissão Parlamentar de Saúde;
  • Francisco Rocha Gonçalves, Secretário de Estado da Gestão da Saúde.

Porque é que este tema é importante?

As terapias com células CAR-T representa uma das mais avançadas inovações no combate aos cancros de sangue, especialmente para doentes que não respondem aos tratamentos convencionais. No entanto, o acesso a esta tecnologia continua limitado por barreiras logísticas, financeiras e sociais. A proposta do projeto SHARP pretende endereçar estes desafios e garantir que a introdução desta terapia no Serviço Nacional de Saúde chega a todos aqueles que dela precisam. Além da aplicação na oncologia, a tecnologia será aplicada, num futuro breve, a outras doenças, nomeadamente autoimunes.

Como é que posso assistir?

Simples, clicando AQUI

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