Quando a Associação Empresarial de Portugal (AEP) e o Novo Banco lançaram, no final de 2023, o projeto Portugal Export +60’30 - que tem como objetivo incentivar as exportações a crescer e a atingir os 60% do PIB em 2030 - o mundo já estava em grande transformação. Tinha saído de uma pandemia que tinha afetado as economias globais e o comércio internacional; a guerra na Ucrânia já durava há quase dois anos; tinha estalado um conflito entre Israel e o Hamas, na Palestina; e Portugal preparava-se para ir a eleições antecipadas, depois da demissão de António Costa. Mas as exportações tinham atingido um marco histórico em 2022: os 50% do PIB.
Terminado o projeto foram lançadas uma série de sugestões e recomendações do que as empresas e o Governo - recém-eleito - precisavam de fazer para se atingir a meta proposta dos 60% do PIB em 2030 e, no final de 2024, lançou-se a segunda edição da iniciativa. Mais uma vez, o mundo voltava a estar em grande transformação. Talvez até maior. A guerra na Ucrânia continuava, o conflito entre Israel e o Hamas escalou para uma guerra e crise humanitária; Donald Trump venceu as eleições norte-americanas e ameaçava com um aumento das tarifas comerciais sobre os produtos europeus e chineses; e Portugal preparava-se, de novo, para ir a eleições antecipadas após o chumbo de uma moção de confiança proposta pelo PSD. O problema é que, em 2023, as exportações já não valeram 50% do PIB, mas sim um pouco mais que 47%, em 2024 fecharam nos 46,6% e no primeiro trimestre deste ano valeram 45,6%.
45,6%
foi o peso das exportações no PIB no primeiro trimestre de 2025
Estaremos, então, mais perto ou mais longe de atingir os 60%? Essa é a pergunta a se tentará responder na conferência que marca o final do projeto Portugal Export +60’30 e que decorre a 30 de junho à tarde, no Porto. O que se sabe é que, independentemente de estar mais perto ou mais longe, a ambição mantém-se, mas a forma de enfrentar os desafios tem ser diferente, porque “o mundo está diferente”, repara Luís Miguel Ribeiro, presidente do conselho de administração da AEP.
Ainda assim, a associação mantém que a diversificação de mercados é importante. Se por um lado “há uma maior fragmentação do comércio internacional” e “uma situação de grande protecionismo”, por causa das tarifas anunciadas pelo presidente norte-americano Donald Trump, por outro lado existe uma nova aposta na defesa e na reindustrialização que “acelerar a agenda exportadora” e até fazer subir o valor das exportações, pela venda de bens de valor acrescentado, repara a economista chefe da AEP, Lurdes Fonseca.
70%
é a percentagem das exportações portuguesas que vai para países da União Europeia
Aliás, ontem, na Cimeira da NATO, em Haia, na Holanda, o primeiro-ministro Luís Montenegro, anunciou um reforço do investimento em defesa que poderá chegar aos 3,5% do PIB nos próximos 10 anos, ou seja, cerca de €10 mil milhões todos os anos e mais do triplo do atual orçamento do Ministério da Defesa. Além disso, na Europa, são vários os países que têm anunciado reforços do investimento em defesa, o que, reforça Luís Miguel Ribeiro, “é uma oportunidade para as empresas portuguesas”.
Esta promoção da indústria e da defesa não é, contudo, o suficiente por parte do Estado. Ainda é necessária uma política fiscal adequada e uma redução drástica e duradoura da burocracia, repara o presidente da AEP, lembrando que já foram tomadas algumas medidas no sentido de aliviar as empresas. Aliás, segundo Lurdes Fonseca, o programa do novo Governo inclui um reforço dos seguros de crédito à exportação, “o que é muito importante”.
Portugal Export +60’30 - 2ª Edição
Caminhos para aumentar as exportações nacionais para 60% do PIB até 2030
O que é?
É a conferência que marca o final da segunda edição do Portugal Export +60’30 onde será feito um ponto de situação das exportações portuguesas e será debatido o que as empresas estão e podem fazer no atual contexto geopolítico.
Quando, onde e a que horas?
Dia 30 de junho de 2025, das 14h30 às 19h00, no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, em Matosinhos.
Quem vai estar presente? (confirmados até à data)
- João Neves, presidente da Administração do Porto de Douro e Leixões e Viana do Castelo (APDL)
- Luis Miguel Ribeiro, presidente do conselho de administração da Associação Empresarial de Portugal (AEP)
- Luís Ribeiro, administrador do Novo Banco
- Lurdes Fonseca, economista chefe da AEP
- Carlos Andrade, economista chefe do Novo Banco
- Carlos Tavares, ex-CEO da Stellantis
- Daniel Redondo, CEO da Licor Beirão
- Modesto Araújo, CEO da Vizelpas
- Cláudia Vasconcelos, country manager da COFACE
- Miguel Pinto, presidente da Mobinov – Associação do Cluster Automóvel e da Mobilidade
- Ricardo Pinheiro Alves, presidente do conselho de administração da idD Portugal Defence
- Albertina Reis, responsável de Investigação e Desenvolvimento da Riopele
- Fernando Cunha, CEO da BeyondComposite
- Pedro Petiz, diretor de desenvolvimento e estratégia da Tekever
- José Manuel Fernandes, presidente do Conselho Geral da AEP
Porque é que este encontro é central?
Os conflitos armados na Europa e Médio Oriente, a guerra comercial de Trump com a Europa e a China, o reforço do investimento europeu na defesa e as incertezas políticas em Portugal tornam necessário falar sobre como as empresas estão a ser afectadas e como estão a superar os problemas e a aproveitar as possiveis oportunidades para aumentar as suas vendas para o exterior.
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