Nos últimos anos, a tecnologia tem desempenhado um papel fundamental na transformação do sector da saúde, oferecendo novas formas de diagnóstico, tratamentos mais eficazes e uma melhor gestão do cuidado aos doentes. No entanto, apesar dos avanços significativos, a implementação dessas inovações enfrenta uma série de desafios. A adaptação de novas tecnologias às realidades dos sistemas de saúde, a formação de profissionais para lidar com ferramentas complexas e as questões éticas que surgem com o uso de dados de pacientes são apenas alguns dos obstáculos que precisam ser superados. Ao mesmo tempo, a inovação pode ser uma chave para otimizar processos e melhorar a qualidade do atendimento.
Foi sobre desafios e oportunidades de introdução de inovação na saúde em Portugal que se falou durante esta tarde no evento “Redesigning the future of healthcare”, que decorreu na Fundação Oriente, em Lisboa, com organização da Johnson & Johnson MedTech e o Expresso como media partner. O evento foi conduzido pela jornalista da SIC, Marta Atalaya, e contou com a presença de Patrícia Guerra Gouveia, managing director da Johnson & Johnson MedTech; Ana Bastos Sampaio, da direção da Plataforma Saúde em Diálogo; Catarina Baptista, administradora hospitalar do Hospital CVP; João Gamelas, diretor clínico da ULS – Lisboa Ocidental; José Guilherme Tralhão, presidente da Sociedade Portuguesa de Cirurgia; Pedro Adragão, chefe de serviço de cardiologia do CHLO; e Ricardo Mestre, professor na Escola Nacional de Saúde Pública – NOVA.
Conheça as principais conclusões:
Pontos a favor
- Todos os médicos presentes, independentemente da área de ação, elogiaram a inovação. “Trouxe uma capacidade de intervenção que era inimaginável”, disse João Gamelas. “O cirurgião deve estar aberto à inovação, que permite uma intervenção mais precisa e eficaz”, comentou José Guilherme Tralhão.
- “Muitas vezes é a diferença entre morrer ou viver. Os dispositivos médicos ajudam à qualidade de vida do doente, que faz uma vida mais normal”, opinou Ana Bastos Sampaio.
- “Inovação permite, entre outras coisas, monitorizar os doentes à distância... Deve ser uma prioridade para o SNS”, disse José Guilherme Tralhão.
Doentes e literacia
- Muitas vezes, os doentes apresentam alguns receios, mas, na sua generalidade, querem ter melhor qualidade de vida. A literacia é, por isso, fundamental.
- “A parte humana é fundamental num médico”, opinou Pedro Adragão, que enalteceu o papel dos profissionais de saúde. Já Ana Bastos Sampaio defendeu que os doentes deviam ser mais ouvidos - “é preciso ter esta discussão, os doentes também devem pronunciar-se” – e que “às vezes” os médicos deviam ter... um lado mais humano: “São escolhidos os alunos de topo para medicina mas, às vezes, com poucas apetências sociais”.
Desafios
- “Existem barreiras, não há uma estratégia para ter acesso à inovação”, opinou Catarina Baptista, alertando também para a questão da regulamentação.
- “Algumas especialidades podem desaparecer”, alertou João Gamelas.
- A precária condição financeira do SNS torna o financiamento num problema sério para a inovação. Ricardo Mestre deixou “duas questões relevantes” sobre a matéria: “Temos de perceber que introduzir inovação exige uma ótica de parceria e partilha de risco e devemos a pensar mais na promoção da saúde para ter uma população mais saudável”.
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