Sem financiamento, o i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde não teria como cumprir aquele que é, assegura o seu diretor, o seu principal propósito: garantir a transferência de tecnologia e valorização do conhecimento. “O i3S é o resultado de uma ideia pioneira em Portugal: juntar três instituições de excelência para reunir esforços, criar massa crítica e potenciar os recursos científicos e tecnológicos que já possuíam”, resume Claudio Sunkel.
A propósito da cerimónia de entrega de bolsas de investigação e apoio a projetos comunitários da 10ª edição do Programa Gilead Génese, a que o Expresso se volta a associar como media partner, publicamos dez artigos sobre vencedores das anteriores edições da iniciativa. Nesta terceira viagem ao passado, revisitamos o i3S e algumas das seis investigações científicas que desenvolveu com apoio deste programa.
Uma década depois do nascimento, o diretor da instituição e também professor catedrático na Universidade do Porto não tem dúvidas: o projeto “foi e é um sucesso”. O sonho era conseguir reunir, num só espaço, especialistas em ciência fundamental, investigação clínica e engenharia biomédica, de forma a potenciar novas perguntas e, sobretudo, “respostas disruptivas”.
“É fundamental que as políticas implementadas na área da ciência sejam mantidas durante algum tempo e sem grandes alterações, já que mudanças contínuas de políticas não são compatíveis com o desenvolvimento científico a longo prazo”
O caminho para alcançar essas respostas é sempre longo, marcado por avanços e recuos, e exigente do ponto de vista dos recursos, quer financeiros, quer humanos. Apoios à investigação como aqueles conquistados pelo i3S no Programa Gilead Génese são, muitas vezes, essenciais garantir a transferência de tecnologia e de conhecimento. “Estes financiamentos têm permitido iniciar a transferência de conhecimento fundamental para projetos de aplicação real ao serviço da saúde”, explica Claudio Sunkel, que dá como exemplos “o desenvolvimento de novos dispositivos intrauterinos para a prevenção da gravidez, até estudos genéticos sobre o SARS-CoV2, ou mesmo novos mecanismos de diagnóstico de cancro da mama”.
Para que mais projetos como estes possam surgir e levar inovação aos doentes, o diretor do i3S considera que é preciso endereçar desafios básicos: a falta de financiamento e a ausência de rumo. “Nos últimos 15 anos, Portugal tem vindo a desinvestir no seu tecido científico de forma constante e, como consequência disso, os grupos de investigação têm vindo a perder competitividade a nível internacional”, lamenta.
“É urgente que os diferentes atores políticos cheguem a um consenso sobre o que pretendem para a política científica nos próximos 20 anos”, pede o especialista. Nessa visão de futuro não pode faltar “financiamento plurianual de montantes significativos”, mas também estabilidade nas políticas. “É preciso que o país perceba que é essencial manter o investimento contínuo em instituições como o i3S”, conclui.
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