“A saúde encontra-se num momento de transformação crítica”, acredita Catarina Geraldes. A diretora do serviço de hematologia da Unidade Local de Saúde de Coimbra não tem dúvidas em apontar a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) como o principal desafio que o sector enfrenta hoje. Para que isso seja uma realidade, a especialista pede “um compromisso político robusto, com valorização dos profissionais de saúde e com um foco renovado e contínuo na saúde preventiva e comunitária”.
O Expresso associa-se, uma vez mais, como media partner ao Programa Gilead Génese, que regressa em 2025 para a sua 10ª edição de apoio à investigação e a projetos comunitários na área da saúde. Ao longo das próximas semanas, publicamos dez entrevistas curtas com personalidades de renome sobre os principais desafios do sector – a terceira conta com Catarina Geraldes, médica e professora auxiliar da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.
Assegurar a equidade dos cuidados de saúde implica, defende, “carreiras bem estruturadas e incentivos para a fixação de profissionais” onde são mais necessários. “A sobrecarga de trabalho tem conduzido à exaustão e à transição de profissionais para o setor privado ou para o estrangeiro, colocando em risco a capacidade de resposta do SNS”, afirma.
“Em Portugal, o desafio mais relevante na área da saúde é a sustentabilidade do SNS, garantindo que continue a ser um pilar de equidade e de qualidade na prestação de cuidados de saúde”
Por outro lado, a hematologista aponta a medicina preventiva como prioridade na resposta ao envelhecimento populacional e às doenças crónicas, como diabetes ou patologias cardiovasculares. É preciso “uma reorganização e transformação do sistema de saúde” para apostar em cuidados de proximidade e acompanhamento continuado, nomeadamente por via da utilização de tecnologia. “Estes avanços libertam tempo dos profissionais de saúde, permitindo-lhes concentrarem-se em tarefas críticas”, assinala Catarina Geraldes.
A inovação é, acredita, fundamental para aumentar a resiliência dos sistemas de saúde. O desenvolvimento da medicina personalizada, com tratamentos adaptados ao perfil genético de cada indivíduo, será central para “uma vida com maior qualidade”. “Caracterizar melhor as doenças e identificar novos alvos permitirá desenvolver terapêuticas dirigidas, mais específicas, eficazes e com menos efeitos secundários”, reforça.
Se questões como a escassez de profissionais de saúde ou a falta de equidade no acesso à inovação são desafios que importa ultrapassar, a digitalização e inovação terapêutica são “oportunidades de reformulação dos sistemas”. Com o uso responsável da tecnologia, Catarina Geraldes diz ser possível alcançar uma “saúde mais inclusiva e sustentável”.
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