Investigação e inovação são, para Manuel M. Abecasis, duas vertentes sem as quais “não é possível assegurar uma saúde adequada”. E não será de estranhar que assim seja, não fosse o antigo responsável pelo Departamento de Hematologia e Programa de Transplantação de Medula Óssea do IPO Lisboa um dos precursores no país na utilização de abordagens inovadoras na imunoterapia. “A medicina personalizada só tem sido possível graças aos conhecimentos adquiridos nas ciências básicas, sendo isto particularmente verdadeiro na área da oncologia”, continua o especialista.
O Expresso associa-se, uma vez mais, como media partner ao Programa Gilead Génese, que regressa em 2025 para a sua 10ª edição de apoio à investigação e a projetos comunitários na área da saúde. Ao longo das próximas semanas, publicamos dez entrevistas curtas com personalidades de renome sobre os principais desafios do sector. O segundo episódio desta série é hoje publicado, com Manuel M. Abecasis, médico reformado e presidente da Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL).
É na imunoterapia que o perito tem assistido a importantes avanços, em particular na área dos cancros do sangue. Recorde-se, por exemplo, a terapia baseada em células CAR-T, que permite ‘treinar’ o sistema imunológico do doente para que seja capaz de atacar, com elevada eficácia, as células malignas. “As células CAR-T representam uma abordagem revolucionária para toda a oncologia”, reconhecia, há semanas, em entrevista ao Expresso a este propósito.
“A investigação conduzida nos centros académicos tem produzido inovações terapêuticas brutais e só transpostas para a clínica, dada a necessidade de enormes recursos financeiros, com a colaboração da indústria farmacêutica”, afirma
Na investigação, Manuel M. Abecasis elege a utilização da inteligência artificial como um dos desafios mais relevantes. É preciso, defende, apostar em “formação adequada e educação contínua dos profissionais de saúde”, quer no sector público, como no privado.
Com larga experiência como médico, Abecasis não tem dúvidas: o desafio mais central e urgente deste sector é “assegurar a viabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS), garantindo aos portugueses o acesso adequado e atempado a cuidados de saúde”. E elege quatro prioridades: investir em recursos humanos, equipamentos, infraestruturas e na articulação entre cuidados primários e hospitalares.
“Investir em equipamentos, dotando as Unidades Locais de Saúde de tecnologia que acompanhe as inovações que vão surgindo, do acesso a medicamentos e técnicas inovadoras”, destaca. O tratamento com protões na oncologia, gamma knife na neurocirurgia ou a cirurgia robótica são exemplos de “avanços que têm de estar disponíveis no SNS de modo a garantir o acesso a todos”.
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