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Época tão “única” que “nem em Hollywood”

Incerteza. O atual caos geopolítico, com vários conflitos armados e ameaças de guerras comerciais, vai ter impacto nas economias europeia e portuguesa. Só não se sabe de que dimensão

Durão Barroso foi um dos convidados dos Encontros Fora da Caixa, que decorreram antes da entrega do Prémio Expresso Economia | CGD

José Theotónio é CEO do grupo Pestana e lembra-se que, no final de 2019, estava “muito otimista” em relação a 2020. E, de facto, foi “um excelente ano”, mas só em janeiro e fevereiro. “A 1 de março fechámos um hotel e a 31 de março tínhamos os 156 fechados”, conta. Por isso é que, quando lhe perguntam se está otimista em relação a 2025, diz que sim, está, “mas com realismo”. Porque o passado já ensinou que tudo pode mudar muito de repente. E porque o futuro está demasiado incerto e inseguro. É a crise política e económica em França e na Alemanha; a ameaça de Trump com o aumento das tarifas comerciais à Europa; a guerra na Ucrânia que se pode alastrar; e o conflito Israel-Hamas que espoletou uma série de outros confrontos no Médio Oriente.

Joaquim Miranda Sarmento, ministro de Estado e das Finanças, diz que estamos em situação de “alta volatilidade”. Já Paulo Macedo, CEO da Caixa Geral de Depósitos (CGD) considera que “vivemos uma época difícil e única em termos de questões geopolíticas”. Tão única que “temos tropas norte-coreanas a lutar na Europa, algo que não nos passava pela cabeça, nem num filme de Hollywood”, repara Durão Barroso, esboçando um sorriso de estupefação. Aliás, o ex-primeiro-ministro e ex-presidente da Comissão Europeia, considera mesmo que Portugal tem de investir mais em defesa. “Polónia, Lituânia, Estónia, Letónia, Suécia, Finlândia estão a preparar-se para a guerra. E mesmo que Trump consiga resolver a guerra, temos de estar preparados. A oposição entre a Rússia e a Ucrânia e a Europa ocidental vai continuar”, avisa.

Que impacto na economia

O alerta de Durão Barroso surge porque, para já, Portugal ainda não sente a mesma pressão que outros países, mas já sente algum impacto. José Theotónio não nega que “o turismo abana com as questões geopolíticas”. Tal como sofre o retalho alimentar, porque a Ucrânia continua a ser o maior produtor de cereais, diz Anne Saintemarie, presidente do Intermarché em Portugal. E as ameaças de Trump não devem ser esquecidas, porque tarifas mais altas podem originar “uma guerra comercial com a Europa e com a China”, nota Durão Barroso. Além de que podem provocar uma retração das exportações para os EUA, acrescenta Anne Saintemarie.

Debateu-se também a requalificação e a retenção de trabalhadores, principalmente dos mais jovens

Até Joaquim Miranda Sarmento lembra que o Governo teve estes acontecimentos globais em conta na sua previsão de crescimento económico de 2,1% em 2025, dizendo que é “conservadora” e abaixo das estimativas do Banco de Portugal (2,2%) ou do Fundo Monetário Internacional (2,3%). Ainda assim, mantém que haverá um excedente orçamental de 0,3%, contrariando o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, que prevê um défice de 0,1%. E mostra-se otimista sobre o impacto na zona euro, uma vez que “é robusta e tem mais ferramentas para lidar com as crises”.

Vencedores do Prémio Economia

Os distinguidos do Prémio Expresso Economia | Caixa Geral de Depósitos 2024 foram conhecidos esta semana. Nesta 7ª edição foram igualmente entregues 21 prémios, distribuídos por sete categorias, sendo a escolha do Empresário do Ano e da Conquista Empresarial do Ano da responsabilidade da redação do Expresso e os restantes da Informa DB e da Deloitte, responsáveis pela elaboração da lista das 1000 maiores empresas em Portugal e parceiros deste prémio.

EMPRESÁRIO DO ANO

Fernando Campos Nunes, CEO da Visabeira

CONQUISTA EMPRESARIAL DO ANO

Grupo DST

CRESCIMENTO DO VOLUME DE NEGÓCIOS

Escalão com faturação até €100 milhões: M&J Pestana — Sociedade de Turismo da Madeira
Escalão com faturação superior a €100 milhões: Pingo Doce

CRESCIMENTO DAS EXPORTAÇÕES

Escalão com faturação até €100 milhões: Blocotelha
Escalão com faturação superior a €100 milhões: Continental Mabor

CRESCIMENTO DO EMPREGO

Irmãdona Supermercados (Mercadona)
País: França

EMPRESAS QUE CONTRIBUÍRAM PARA A ESCOLHA DO PAÍS

Na variação do volume de negócios: Stellantis
Na variação do emprego: Samsic Portugal
Na variação das exportações: Portugal Duty Free

MULHERES NA GESTÃO

ITMP Alimentar (Intermarché)

EMPRESAS +50 ANOS

Continental Mabor

EMPRESAS EM CRESCIMENTO

Alojamento e restauração: Savoy — Investimento Turísticos
Construção e imobiliário: Teixeira, Pinto & Soares
Energia e Ambiente: Blunt
Grossista: Torriba
Indústrias: Antobetão
Retalho: Energia Fundamental — Mobilidade elétrica
Serviços: Everything is New
Tecnologias de informação e comunicação: Critical Manufacturing
Transportes: Flixbus Portugal

Conheça melhor os grandes vencedores na edição de 27 de dezembro