Antes de mais: o que é a inteligência artificial generativa? A GenAI é um tipo de IA capaz de criar novos conteúdos, como texto, imagens, música ou até código, com base em dados previamente aprendidos. Em vez de apenas classificar ou reconhecer padrões, ela gera algo original e novo, imitando a complexidade e a criatividade humana, mas com a ajuda de modelos matemáticos e algoritmos avançados. Algumas empresas têm usado GenAI para criar conteúdo criativo e personalizado para campanhas de marketing, anúncios personalizados, slogans e descrições de produtos com base em dados dos consumidores.
O estudo “Global GenAI Report — How organizations are mastering their GenAI destiny in 2025” revela que Portugal está perfeitamente alinhado com estas tecnologias emergentes, ainda que “alguma lentidão” no mercado português alerte para a possibilidade de o país poder perder alguma competitividade na matéria.
“Não se vê uma diferença significativa na forma como Portugal olha para a GenAI como elemento transformador e capaz de fazer evoluir os nossos modelos de negócio. O que vemos de diferente é o ritmo de adoção, um caminho mais lento, uma expectativa mais baixa para os impactos esperados em 2025”, alerta Nuno Costal, que apresentou a situação do país no estudo e é principal director NTT Data Portugal: “O nível de definição para aquilo que é uma estratégia para abordar a GenAI como um todo é mais baixo relativamente àquilo que o estudo global demonstra, e também temos uma preocupação maior com a dúvida, se as pessoas que temos são ou não capazes de lidar com a transformação num curto prazo.”
O especialista defende ainda que “Portugal tem menos espaço para falhar ou para fazer investimentos que não tenham retorno. Portanto, muito foco naquilo que é o retorno imediato e naquilo que é mostrar que a tecnologia tem valor, não perder o momento, e lidar corretamente com o que são as preocupações manifestadas, nomeadamente o enquadramento regulatório. E também a resolução dos problemas associados ao legado tecnológico, que é considerado como uma das fontes inibidoras em Portugal para a adoção destas tecnologias”.
Nuno Costal realça a importância de se ter uma estratégia bem definida nesta área e que em Portugal “apenas 62% dos inquiridos versus 83% em termos globais” admitiram ter o caminho a seguir planeado. “É fundamental que a estratégia não viva isolada dentro de uma organização, que seja parte intrínseca daquilo que é um plano e estratégia de negócio como um todo”, diz. “É altamente relevante trazermos as pessoas para bordo, são elas que vão utilizar estas tecnologias”, alega.
Líderes investem em GenAI
Nas conclusões globais, o estudo mostra que quase todos os líderes inquiridos já investiram em GenAI (83% já criaram mesmo equipas “especializadas” ou “robustas” nesta área). Em relação a “Estratégia e Transformação”, o estudo mostra que 97% dos CEO antecipam um impacto significativo desta tecnologia, enquanto 70% dos inquiridos consideram que esta mudança será rápida e terá um impacto substancial em 2025. Já 83% declaram ter uma estratégia de IA Generativa bem definida.
“Para obter retorno da inteligência artificial generativa não é suficiente experimentar. É preciso levar essa estratégia a um nível que tenha impacto em toda a organização. Uma das coisas que vimos, sobretudo a nível de executivos, é que depois do tempo de experimentação, dois anos, dois anos e meio, estão a começar a entender que a GenAI vai ter um poder transformador muito alto, mas não podem esperar o retorno num curto prazo, mas sim a médio ou longo prazo”, diz David Pereira David Pereira, chief GenAI officer, NTT Data Europe and Latin America. “É necessário integrar a GenAI com o resto da infraestrutura. E é muito relevante acompanhar o talento. Não só proporcionar formação, mas saber que disponibilidades temos, que capacidades nos faltam e, sobretudo, como se vai evoluir para se preparar para o impacto da GenAI”, acrescenta o espanhol.
“68% dos inquiridos a nível global indicaram que se sentem entusiasmados e impressionados com o potencial transformador da IA Generativa”, lê-se ainda nas conclusões globais do estudo.
Os números globais do estudo sobre a IA generativa
Abrangeu 34 mercados em cinco regiões e 12 sectores industriais. Mais de dois mil “tomadores de decisão” foram entrevistados
87%
dos inquiridos em Portugal afirmaram que os colaboradores não têm as competências necessárias para trabalhar com IA generativa (GenIA), versus 67% do estudo global. Conclui-se no “Global GenAI Report — How organizations are mastering their GenAI destiny in 2025” que a disseminação de políticas de utilização de soluções de GenIA é quase inexistente, com 96% dos portugueses a confirmarem esta ideia (72% no global)
90%
referem, no capítulo da “Inovação e Tecnologia”, que a infraestrutura herdada dificulta a aplicação eficaz da GenIA e 96% dos CIO (chief information officer) e CTO (chief financial officer) afirmaram que as soluções baseadas na cloud são o método mais prático para suportar aplicações de GenIA
81%
confirmam, em “Ética, Segurança e Sustentabilidade”, que é muito importante que os líderes ajudem os colaboradores a equilibrar inovação e responsabilidade. Já 72% disseram que a sua organização não possui uma política de utilização de GenIA para colaboradores, incluindo orientações sobre a proteção de propriedade intelectual
45%
dos CISO (chief information security officer) expressaram preocupações em relação à tecnologia, assumindo que se sentem “pressionados, ameaçados ou sobrecarregados”, e 82% afirmaram que as regulamentações governamentais sobre IA são pouco claras, o que dificulta as estratégias de GenIA