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Eliminar o HPV? Portugal tem trabalho a fazer

O Expresso é media partner da MSD na conferência que esta quarta-feira de manhã, no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, junta vários especialistas para debater os desafios no combate ao HPV (vírus do papiloma humano). A meta é “matar” o vírus não só em Portugal, mas na Europa

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Rui Baioneta

Foi em 2008 que Portugal introduziu no Programa Nacional de Vacinação a vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV), então apenas direcionado a raparigas, tendo, em 2020, alargado a rapazes, numa estratégia de prevenção e rastreio -- o HPV é uma infeção sexualmente transmissível muito comum, estimando-se que 85 a 90% das pessoas sexualmente ativas já tiveram contacto com o vírus em alguma altura das suas vidas sem saber, e é, a nível mundial, responsável por 100% dos cancros do colo do útero ou 90% dos cancros do ânus, por exemplo.

Em Portugal, os números dizem que, passados 15 anos, os resultados nesta área são muito importantes. Celebrar este sucesso não impede, porém, de perceber o que está por fazer e perspetivar o futuro.

É nesse sentido que se realiza esta quarta-feira, dia 5 de junho, o evento “Uma ambição europeia: eliminar o HPV”, conferência em que o Expresso é media partner MSD, e que reunirá profissionais de saúde, representantes de pessoas com doença e autoridades de saúde para discutir o futuro do combate ao HPV.

O objetivo passa por eliminar o HPV, não só em Portugal, como na Europa - a Comissão Europeia já apresentou o Plano Europeu de Luta Contra o Cancro, um compromisso político para que os países da União Europeia passassem ter uma abordagem conjunta para eliminar o cancro, promovendo mais e melhor saúde.

1700

são os casos de cancro por ano em Portugal cujo responsável é o HPV - e perto de 800 mortes anualmente

A maioria das infeções por HPV é assintomática e pode ser resolvida pelo próprio sistema imunológico. No entanto, infeções persistentes, com tipos de HPV de alto risco, podem levar ao desenvolvimento de doenças oncológicas.

“Na Europa estima-se que anualmente 58 mil mulheres sejam diagnosticadas com cancro do colo do útero e que, destas, 26 mil morram da doença. Estes cancros (e mortes) e doença associadas ao HPV são totalmente prevenidos pela vacina, que é gratuita em Portugal para as raparigas e rapazes com dez anos”, realça Luís Mendão, diretor de advocacia, políticas de saúde e relações externas, GAT, lembrando que Portugal “não vacina gratuitamente as pessoas até aos 26 anos, como em alguns outros países, nem as pessoas com VIH e outras pessoas com imunossupressão até aos 45, como acontece em alguns países”.

A prevenção do HPV pode ser feita através da vacinação, que é altamente eficaz contra os tipos de HPV mais comuns e de alto risco. Além disso, o uso de preservativos pode reduzir, mas não eliminar completamente, o risco de transmissão do HPV.

A vacina permite planear uma geração nascida neste século sem HPV e melhorar muito os danos nos nascidos no século passado, acredita Luís Mendão

Dadas as suas taxas de vacinação, as populações já cobertas e a eficácia dos serviços de saúde, acredita-se que Portugal pode ser um dos primeiros países a eliminar os cancros causados pelo HPV -- até maio de 2025, a Itália, a Irlanda, a Suécia, Malta, bem como o Reino Unido, apresentaram planos de eliminação dos cancros causados pelo HPV, e a estes países juntam-se outros de fora da Europa, como a Austrália ou a Indonésia, que apresentaram planos de eliminação do cancro do colo do útero.

Por seu turno, Rui Medeiros, presidente do European Cancer Organization, considera que a prevenção é fundamental. “É prioritária a implementação da educação para a saúde de uma forma sistematizada em toda a União Europeia”, defende. “Se conseguirmos manter a pressão com um elevado número de jovens vacinados e um rastreio eficaz, tudo indica que podemos conseguir que, daqui a 15 anos, o cancro do colo do útero seja uma raridade e com incidências muito baixas para todas as doenças associadas ao HPV”, acrescenta.

Uma ambição europeia: eliminar o HPV

O que é?

Vão reunir-se vários especialistas para debater os desafios e metas no combate ao HPV.

Quando, onde e a que horas?

O evento terá lugar na próxima quarta-feira, 5 de junho, no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, a partir das 9.30h. A entrada é gratuita.

Quem são os oradores?

  • Ana Povo, secretária de Estado da Saúde
  • Ana Abrunhosa, presidente da Comissão Parlamentar da Saúde
  • Teresa Fernandes, coordenadora do programa nacional de vacinação, DGS
  • Pedro Vieira Baptista, Centro Universitário Hospitalar de São João
  • Carmen Lisboa, Centro Universitário Hospitalar de São João
  • José Dinis, diretor do programa nacional das doenças oncológicas, DGS
  • Rui Medeiros, presidente do European Cancer Organization
  • Luís Mendão, diretor de advocacia, políticas de saúde e relações externas, GAT
  • Marta Valente Pinto, presidente da comissão técnica de vacinação, DGS
  • Cátia Caldas, infeciologista, serviço de doenças infenciosas, Centro Hospitalar Universitário de São João
  • Rita Sá Machado, diretora geral de saúde

Porque é que este tema é central?

Esta conferência vai reunir profissionais de saúde, representantes de pessoas com doença e autoridades de saúde, para discutir o futuro do combate ao vírus do papiloma humano. O objetivo é eliminar o HPV a nível europeu.

Onde (e como) posso assistir?

Pode assistir através do Facebook do Expresso ou inscrever-se para assistir presencialmente aqui.

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