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Ciber(in)segurança no topo dos riscos

World Economic Forum coloca proteção digital das organizações ao nível de outros riscos globais como inflação, alterações climáticas ou conflitos militares. Além de soluções tecnológicas sofisticadas, legislação e regulação são fundamentais. Estes e outros desafios da cibersegurança estarão em debate na próxima quarta-feira, dia 6, numa conferência a que o Expresso se associou como media partner
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Fátima Ferrão

Prevenção, deteção, resposta e recuperação são os elementos essenciais de uma estratégia de cibersegurança que, cada vez mais, inclui a Inteligência Artificial (IA) como arma de apoio. No entanto, nem todas as organizações estão preparadas para dar resposta aos desafios nesta área, mas “a crescente consciência dos perigos e dos custos associados aos ciberataques está a aumentar o interesse e a preocupação das administrações”, disse ao Expresso Kevin Schwarz, responsável da Zscaler, que será um dos keynote speakers da conferência ‘Desafios da Cibersegurança’, que decorre esta quarta-feira, 6 de março, na sede da Impresa, em Paço de Arcos.

Mas, para ‘forçar’ esta mudança “não basta mitigar os riscos de segurança”, reforça o responsável da Zscaler. “É fundamental que as organizações façam uma transformação zero trust, de forma a alterar a forma de trabalhar de cada negócio e a dinamizar a inovação”.

Por outro lado, à medida que as ciberameaças evoluem e se tornam mais sofisticadas, os criminosos estão mais focados em atacar credenciais privilegiadas, uma vez que estas dão acesso a sistemas e informação mais sensível. “A apropriação de dados é hoje o principal objetivo dos ataques de ransomware”, explica Yves Wattel. O vice-presidente da Delinea para o sul da Europa, cita a mais recente pesquisa da tecnológica, que revela que as soluções Privileged Access Management (PAM) são essenciais para combater estas ameaças, uma vez que permitem controlar o acesso a sistemas e dados críticos, através do reforço na gestão de passwords e da implementação de políticas como autenticação multi fator em tempo real e de privilégios alinhados com uma abordagem zero trust. “Esta abordagem garante que os colaboradores das organizações apenas têm acesso a sistemas e aplicações necessárias à sua função”, salienta.

79%

é a percentagem de funcionários que, apesar de conhecerem os perigos da segurança, ainda têm comportamentos de risco

Inteligência artificial contribui para melhor defesa e melhor ataque

O potencial da IA permite aumentar substancialmente a capacidade de defesa das organizações, mas é também um poderoso aliado dos cibercriminosos. Nesta luta de ‘gato e rato’, as empresas que atuam em sectores mais sensíveis na proteção dos dados enfrentam desafios ainda maiores. “Num contexto de incerteza e insegurança, a proteção das infraestruturas críticas nacionais reveste-se de uma importância crescente, não só por poderem ser consideradas alvos militares relevantes, mas pelo seu papel central na economia de uma nação”, lembra Carlos Moura. O CIO (Chief Information Officer) do Banco de Portugal revela igualmente que este risco está a ser acompanhado pelas autoridades nacionais e internacionais, “que têm vindo a elaborar e a adotar legislação e regulação cada vez mais completa nesta área.” Ou seja, as entidades que gerem infraestruturas críticas têm agora obrigação legal de protegê-las contra ciberataques.

No que se refere à introdução de soluções de IA, esta não é uma novidade para o Banco de Portugal (BdP). Mantendo uma grande preocupação com o cumprimento da legislação aplicável e boas práticas, nomeadamente no que diz respeito à gestão de risco e proteção de dados pessoais, Carlos Moura explica que a estratégia do banco tem passado por uma estreita colaboração com os parceiros do SEBC (Sistema Europeu de Bancos Centrais). “O BdP tem participado em projetos de investigação e desenvolvimento de soluções nesta área, dando especial atenção ao facto de os atacantes terem acesso mais rápido às mesmas ferramentas”.

“A apropriação de dados é hoje o principal objetivo dos ataques de ransomware”, explica Yves Wattel

Ainda na área financeira, a Visa considera essencial a utilização de soluções de IA integradas na estratégia de cibersegurança das organizações. “A Visa começou a utilizar ferramentas de IA para melhorar a segurança e prevenir fraudes em 1993”, sublinha Gonçalo Santos Lopes. O country manager da Visa em Portugal reforça a importância desta abordagem, destacando que estas medidas ajudaram a Visa a evitar fraudes num valor estimado de 27 mil milhões de dólares (€24,87 mil milhões) só em 2022. “Contamos com mais de 1.000 especialistas em cibersegurança, que desenvolvem ferramentas de IA para garantir a segurança das transações e proteger contra fraudes”, partilha.

No sector segurador, a Fidelidade também não perde de vista as soluções que permitem enfrentar os crescentes desafios de segurança digital. “O security by design é uma abordagem holística ao processo de desenvolvimento seguro de soluções, produtos e serviços digitais”, aponta Teresa Rosas. A CTO (Chief Technology Officer) da Fidelidade sublinha a importância da integração de requisitos de segurança desde a conceção. “Só assim garantimos uma adequada gestão dos riscos, o aumento da resiliência das nossas soluções e a conformidade regulatória”.

Na conferência que decorre na próxima quarta-feira, estas e outras empresas, nomeadamente do sector público, partilharão a sua visão e posicionamento face aos desafios da cibersegurança. Para assistir basta aceder ao Facebook do Expresso.

Desafios da Cibersegurança

O que é?

Acompanhar a evolução da cibersegurança, e compreender os desafios que empresas e organizações públicas e privadas enfrentam a médio e longo prazo para manter seguros os seus sistemas e os seus dados é o objetivo desta conferência.

Quando, onde e a que horas?

A 6 de março, às 10 horas, no edifício da Impresa, em Paço de Arcos.

Quem são os oradores?

  • Alexandre Rosa, CEO Noesis
  • Mário Campolargo, Secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa
  • Kevin Schwarz, Zscaler, Head of Field
  • Gonçalo Lobo Xavier, Diretor-geral, APED
  • Gonçalo Santos Lopes, Country Manager, VISA
  • João Dias, Presidente do Conselho Diretivo, Agência para a Modernização Administrativa
  • Teresa Rosas, CTO, Fidelidade
  • Yves Wattel, Delinea, VP Southern Europe
  • Carlos Moura, CIO, Banco de Portugal
  • Jéssica Domingues, Coordenadora da Unidade de Cibersegurança, SPMS
  • José Miguel Pereira, Diretor de IT Operations, Cloud & Security, Noesis
  • Nelson Pereira, CTO, NOESIS

Porque é que este tema é central?

A alteração no paradigma do trabalho, motivada pela pandemia, alargou o perímetro de segurança das empresas e obrigou a uma alteração de estratégias e de abordagens de proteção distintas. Em paralelo, a guerra na Ucrânia abriu portas a novos perigos, nomeadamente para governos e infraestruturas críticas. Os desafios da cibersegurança multiplicaram-se e estão agora entre as prioridades dos CEO.

Onde posso assistir?

É simples. Basta clicar aqui.