A importância do capital humano nas empresas foi o tema do segundo almoço-debate da Portugal Export +60<30, uma iniciativa da Associação Empresarial de Portugal (AEP) e do Novo Banco que pretende incentivar ao aumento do volume e do valor das exportações para que, em 2030, elas possam valer 60% do Produto Interno Bruto (PIB). O encontro decorreu na fundação AEP, no Porto, e contou com intervenções do presidente do conselho geral da AEP, José Manuel Fernandes, do administrador do Novo Banco, Andrés Baltar; de Paula Arriscado, diretora corporativa de pessoas, marca e comunicação do Grupo Salvador Caetano, e ainda de alguns dos cerca de 20 empresários convidados. Estas são as principais conclusões.
1. As pessoas são o mais importante
- Parece uma frase feita, mas todos os que estiveram presentes no encontro desta segunda-feira garantem que não é. Para Paula Arriscado são “a trave mestra” de qualquer empresa: “Não podemos falar de crescimento, inovação e exportações sem as pessoas certas (…) São as pessoas que fazem acontecer. Tudo o resto anda à volta das pessoas”, diz. E elas precisam de estar “realizadas”, nota. Aliás, a responsável do grupo Salvador Caetano prefere usar a palavra “realização” em vez de “motivação”.
- Ora, segundo alguns dos empresários presentes, esta realização já não vem só do salário, mas também de “benefícios emocionais” como ter melhores líderes; maior flexibilidade horária; mais mobilidade dentro e fora da empresa; mais acesso a creches; maior garantia de progressão na carreira ou mais formação que, diz José Manuel Fernandes, deve ser “para todos”, sejam eles trabalhadores qualificados ou não.
2. Recados ao futuro Governo
- Há matérias em termos laborais que o Governo que sair das eleições antecipadas de 10 de março devia ter em atenção. Uma delas é a alteração da lei laboral que “está desatualizada face ao contexto atual de trabalho”, repara Paula Arriscado. “É obrigatório parar uma hora para trabalhar, mas depois temos colaboradores que dizem que fazem uma dieta intermitente e não precisam de parar uma hora”, exemplifica.
- Outra medida passa pela criação de apoios para que os talentos que saíram regressem ao país, mas também de uma política de habitação adequada a uma maior rotação de trabalhadores, não só no litoral, mas também no interior.
- Porque, repara Andrés Baltar, a forma de aumentar a produtividade do país - que é baixa - passa por “aumentar a atração e retenção de talento”.