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Projetos científicos sobre covid-19 e Parkinson recebem prémio de €60 mil

Luís Graça, Sandra Morais Cardoso e Nuno Empadinhas foram distinguidos, esta quarta-feira, na 67ª edição dos Prémios Pfizer, a que o Expresso se associou como media partner. A cerimónia contou com a participação do reconhecido químico Nuno Maulide

Manuel Pizarro (ministro da Saúde), Maria do Céu Machado (SCML) e Paulo Teixeira (Pfizer Portugal) entregaram os galardões aos vencedores
Matilde Fieschi

São €30 mil entregues a cada uma das equipas de cientistas que venceram, esta quarta-feira, a 67ª edição dos Prémios Pfizer. A iniciativa, criada em 1956 pela Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa (SCMED) com apoio da farmacêutica, distinguiu os investigadores portugueses Sandra Morais Cardoso e Nuno Empadinhas, por um trabalho sobre a doença de Parkinson, e Luís Graça, por um estudo sobre covid-19. “Estes prémios são um incentivo aos nossos investigadores”, considerou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, numa nota escrita emitida durante a cerimónia que se realizou esta tarde no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

Aqueles que são considerados os mais antigos galardões nesta área em Portugal premiaram trabalhos que “tratam de dois temas centrais na nossa vida”, assinalou o ministro da Saúde. Manuel Pizarro lembrou que “a doença de Parkinson é cada vez mais prevalente nas nossas sociedades”, resultado, em parte, do aumento da esperança média de vida, mas também que “é muito importante” que se possa conhecer melhor a patologia para contra ela atuar de forma mais eficaz.

A presidente da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa assinalou a relevância do reconhecimento do papel da ciência na resolução de grandes desafios de saúde
Matilde Fieschi

O estudo de imunização da covid-19, doença ainda bem presente na memória coletiva, surge numa altura em que decorre a campanha de vacinação conjunta (covid-19 e gripe sazonal), um processo que o ministro considera estar a “correr bem”.

Sobre a importância da investigação, Manuel Pizarro destacou “o absoluto relevo que tem nas nossas vidas” e reconheceu que, apesar de uma aposta crescente do país nestas atividades, ainda existem “problemas” – nomeadamente no financiamento. Neste campo, o diretor-geral da Pfizer Portugal, Paulo Teixeira, reiterou que a farmacêutica irá manter “o compromisso de continuar a reconhecer a importância da investigação e do conhecimento para transformar a saúde” dos doentes e não tem dúvidas de que “Portugal tem um elevado potencial” na área das ciências médicas.

Nuno Maulide, professor da Universidade de Viena, explicou como se cruzam a ciência e a arte
Matilde Fieschi

A cerimónia contou ainda com a participação do químico Nuno Maulide, que esta semana deu uma entrevista ao Expresso, cuja intervenção teve como mote “A ciência e a arte”. Ao longo de 45 minutos, o diretor do Instituto de Química Orgânica da Universidade de Viena, na Áustria, mostrou como ambas as disciplinas andam de mãos dadas. “Tanto a arte como a ciência lidam com perguntas essenciais para quem nos somos como seres humanos – como é que funciona o mundo, como é que funciona a natureza?”, apontou. Ao longo da sessão, o também professor e amante da música tocou várias peças de piano para descodificar a complexidade da ciência.

Conheça abaixo os projetos vencedores.

Manuel Carmo Gomes e Luís Graça (à esq.) e Nuno Empadinhas e Sandra Morais Cardoso (à dir.) foram os grandes vencedores dos Prémios Pfizer
Matilde Fieschi

Vencedores 67ª edição dos Prémios Pfizer

Investigação básica

A equipa liderada pela investigadora Sandra Morais Cardoso, da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, em parceria com Nuno Empadinhas, conseguiu estabelecer uma correlação direta entre alterações do microbioma intestinal e o aparecimento e progressão da doença de Parkinson. Através deste trabalho, os cientistas conseguiram demonstrar que, quando ingerida de forma crónica, a toxina BMAA altera o microbioma intestinal e provoca um processo neurodegenerativo compatível com a doença de Parkinson. Os resultados do projeto podem criar uma forma de detetar a evolução da doença numa fase precoce, abrindo caminho a intervenções médicas com maior eficácia.

Investigação clínica

Já Luís Graça e a sua equipa, do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, procuraram medir a proteção adicional conferida pela infeção que provoca a doença covid-19 em pessoas já vacinadas. Os resultados demonstraram inequivocamente que quando pessoas vacinadas são infetadas, adquirem uma maior proteção contra uma possível reinfeção, sendo o efeito maior quando a infeção é por um vírus da variante ómicron. As conclusões foram já utilizadas para definir recomendações de saúde pública, nomeadamente sobre o momento mais adequado para administrar doses de reforço.