Projetos Expresso

Estratégia digital acelerada… e sem urgências

Produtividade, eficiência e competitividade dependem da transformação digital, uma das prioridades da União Europeia e de Portugal. Reunidos em Lisboa nas Critical Sessions, uma iniciativa a que o Expresso se associa como media partner, responsáveis de algumas das principais agências e departamentos do Estado tentaram “fugir” à agenda política e centrar-se nas estratégias em curso

Carmo Palma, managing director da Axians, lançou ideias para a conversa que juntou responsáveis de entidades estatais, em Lisboa
Nuno Fox

Sofia Coelho

Os projetos no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) têm de estar definidos até ao final deste ano e ser executados até 2026. A transição digital é uma das prioridades estratégicas do Estado e os €2,5 mil milhões destinados a esta área têm de ser investidos a curto prazo, mas “obrigam” a mudanças estruturais e a um trabalho a longo prazo, com partilha de informação e redução das assimetrias entre as entidades estatais.

“Temos oportunidade de fazer mudanças estruturais. Vamos tentar mudar a maneira como trabalhamos, mudar processos e, depois, digitalizá-los. O digital tem um papel fundamental, que é acelerar”, sublinhou o economista e professor na Nova SBE Nadim Habib, convidado a “lançar” algumas ideias na sessão de debate Critical Sessions, promovida pela Axians e à qual o Expresso se associou como media partner. Em Lisboa, reuniram-se os responsáveis de algumas agências e departamentos do Estado, precisamente para pensar um futuro mais digital, que torne o País mais eficiente e competitivo – sob o tema “Um País Mais Digital, Um País Mais Eficiente: Melhorar o Futuro com o Estado”.

Para o sucesso da transformação digital é essencial alinhar prioridades, clarificar objetivos e definir uma estratégia a longo prazo, que seja partilhada entre as instituições do Estado, mas também que esteja separada da agenda política, para prosseguir sem sobressaltos ou urgências imediatas. Num País ideal, os cidadãos deverão conseguir aceder aos seus dados com rapidez e resolver os processos que exigem intervenção humana sem grande morosidade e custos. Mas o Estado também tem de preocupar-se em tornar os canais digitais de fácil acesso e compreensão. “Temos de criar e disponibilizar aos cidadãos e empresas serviços simples, que correspondam às suas necessidades e expectativas. Portugal tem uma taxa de disponibilização de serviços públicos no digital acima de 98%, mas estamos aquém de outros países europeus na utilização desses serviços por parte dos cidadãos – ronda pouco mais de 60 %”, sublinhou Paula Salgado, presidente do Instituto de Informática do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, apontando algumas novidades:

  • O serviço para inscrição de trabalhadores do serviço doméstico na segurança social direta (de forma digital) está ativo desde o início deste mês
  • Já em funcionamento está a possibilidade de comunicar um regresso antecipado ao trabalho, antes do final de uma baixa
  • Em dezembro, será lançado um novo serviço online para pedidos de pensão de sobrevivência
Filomena Rosa (IRN) e Paula Salgado (Instituto de Informática do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social) anunciaram novidades digitais
Nuno Fox
  • Em abril de 2024, passará a existir o abono de família automático: a Segurança Social apresentará uma proposta de abono de família aos cidadãos, tendo por base a informação nesta entidade, bem como aquela que recebe da Justiça e da Administração Fiscal
  • Em 2024, as mulheres grávidas receberão uma proposta de abono pré-natal por parte da Segurança Social

Já Filomena Rosa, presidente do Instituto dos Registos e Notariado, anunciou que a reformulação do portal da empresa estará concluída até março e, entretanto, haverá igualmente novidades na agilização de processos de nacionalidade, de forma a colmatar atrasos.

Amanhã, 8 de novembro, serão alguns dos líderes do sector privado a conversarem sobre a interação com o sector público e de que forma podem contribuir para um País mais eficiente e competitivo, através da digitalização. A sessão começa às 12h30 e será também à porta fechada.