Na data (25 de setembro) em que se celebra o primeiro Dia Nacional da Sustentabilidade, a hora é de reconhecimento do papel fulcral das florestas na proteção ambiental e o potencial na criação de recursos, mas também do muito trabalho que falta fazer para que este ativo não seja desperdiçado.
Entre mitos e políticas inconsistentes que prejudicam a incorporação de uma estratégia de longo prazo, os especialistas presentes na conferência "Florestas plantadas: respostas ambientais, sociais e económicas”, promovido pela Navigator, tendo o Expresso como media partner, apontaram vários problemas no tecido florestal português além de possíveis soluções e caminhos para dar novo ímpeto à valorização do território natural.
Os debates contaram com a participação de João Paulo Catarino, secretário de Estado da Conservação da Natureza e Florestas; Filipe Duarte Santos, presidente do Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; Joana Faria, secretária executiva do FSC Portugal; Margarida Tomé, professora catedrática do Instituto Superior de Agronomia; Maria de Jesus Fernandes, bastonária da Ordem dos Biólogos; Luís Sarabando, presidente do PEFC - Programa para o Reconhecimento dos Esquemas de Certificação Florestal; António Loureiro, presidente da Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha; Luís Filipe Rodrigues, vice-presidente da Câmara Municipal de Mortágua; João Baeta Henriques, promotor AIGP da Alvares; Fernando Mascarenhas, partner advisory da KPMG; Carlos Elavai, managing director & partner da BCG; Conceição Santos Silva, secretária-geral da UNAC - União da Floresta Mediterrânica; Bruno Brandão, diretor financeiro da Unimadeiras; Luís Damas, presidente da Federação Nacional das Associações de Produtores Florestai; António Redondo, CEO da The Navigator Company; e Pedro Cilínio, secretário de Estado da Economia.
Conheça as principais conclusões do evento.
Valorização da sustentabilidade
- "Falar de florestas é falar de sustentabilidade", aponta João Paulo Catarino.
- Para isso é preciso criar condições para que os produtores e proprietários florestais possam investir e garantir que as florestas plantadas (que representam a quase totalidade do território florestal em Portugal) contribuem para a biodiversidade ambiental.
- “Consumidor está mais consciente para o impacto que a gestão florestal pode ter no mundo”, garante Joana Faria.
- Na opinião de Maria de Jesus Fernandes, “ecossistemas diferentes potenciam de forma diferente a biodiversidade”.
Impacto social
- Temos que “pensar como aumentar a atratividade da floresta”, acredita Fernando Mascarenhas.
- Só assim é possível que a floresta tenho um impacto positivo junto das populações, sobretudo em zonas rurais em que muitas vezes as oportunidades económicas escasseiam.
- Falta atrair mais talento e fazer não só com que mais pessoas se interessem pela gestão florestal mas também que os proprietários percebam a vantagem de juntarem as suas propriedades.
- “Nós temos um problema de dimensão de propriedade”, resume António Loureiro.
- Para João Baeta Henriques “faltam efetivamente ações no terreno”.
Oportunidades económicas
- Se entendemos a “floresta como património público e ambiental, tem que haver fundos públicos” para a defender, resume Carlos Elavai.
- Segundo Luís Damas, “quem investe numa área plantada tem que se assegurar” que o crescimento é correto para evitar que o terreno fique ao abandono e represente ao mesmo tempo um risco acrescido de incêndio e um desperdício económico.
- Por outro lado, os apoios que existem demoram muito tempo a chegar e os produtores admitem que a inação é a melhor forma de ação perante os custos e a lentidão da burocracia.
- “O arranque do PRR foi difícil, mas diria que 2024 vai ser o ano da execução de projetos ligados às fileiras florestais”, acrescenta Conceição Santos Silva.
- Sem esquecer que “descarbonizar é ser mais competitivo nos mercados internacionais”, defende Pedro Cilínio.