Web Summit

Trump é “um caso clássico de destituição”

Donald Trump tem feito um bom mandato como Presidente dos Estados Unidos? A questão foi discutida esta terça-feira na Web Summit. O teste dos aplausos e os resultados de uma sondagem forneceram a resposta

TIAGO MIRANDA

Numa espécie de combate de boxe em contra-relógio, Joe Pounder, CEO da consultora Bullpen Strategy Group defendeu que Donald Trump tem sido um presidente bem sucedido, e Neal Katyal, advogado e ex-procurador geral dos EUA, bateu-se pela tese contrária.

O público, como ficou claro pelos aplausos, apenas dirigidos ao adversário de Trump, não aprecia o desempenho do presidente dos EUA. O teste dos aplausos foi confirmado, depois, por uma sondagem: 84% dos que encheram esta conferência consideraram que Trump tem feito um mau mandato; só 16% votaram no sentido contrário.

Pounder tentou focar o debate no plano económico, lembrando que o desemprego está em mínimos históricos, a bolsa está em alta e o PIB a crescer. “O que é que querem mais?”, questionou o especialista em estudos de opinião.

“Queremos que ele cumpra o que prometeu”, respondeu o oponente. “A ideia de que Trump é bom para a economia é um absurdo”, contestou, lembrando que “os benefícios da reforma fiscal para a economia nunca se materializaram”, apenas houve um brutal aumento do défice. Quanto ao emprego, Katyal lembrou que no final do mandato de Obama o ritmo de criação de empregos era mais forte do que neste mandato, e sem abrir um buraco no défice.

A malta do Trump tem medo do caminho que a economia leva

No mesmo tempo, no final do seu mandato, Obama teve mais criação de emprego, sem abrir um buraco nas receitas fiscais. Mais: a desregulação da economia, elogiada por Pounder, afetou as normas de proteção ambiental e de condições de trabalho - “Isto não é tornar a América grande outra vez, é destruir a América”.

Com o processo de destituição lançado pelo Congresso, o ex-procurador-geral considerou que este é “um caso clássico de destituição”: Trump conspirou com um governo estrangeiro para ganhar vantagem sobre os adversários numa eleição - foi precisamente para isto, explicou Katyal, que os pais da Constituição puseram no texto a hipótese de afastar o presidente.

Pounder não contestou a abordagem jurídica, mas fez as contas: a câmara dos representantes, dominada pelo Partido Democrata, até pode aprovar a destituição, mas “nunca teremos os 67 votos no Senado [de maioria republicana] para afastar o presidente.”