Já correram rios de tinta sobre o Brexit, mas para a diplomacia económica britânica a vida continua. E no meio do colorido e da agitação de mais uma Web Summit, os responsáveis por essa mesma diplomacia económica mantêm uma razoável dose de otimismo. "Londres não vai desaparecer como centro financeiro", assegura Christina Liaos, uma das responsáveis do Departamento de Comércio Internacional do Governo britânico.
De passagem por Lisboa, as autoridades britânicas promoverão esta semana dois eventos na capital portuguesa para tentar captar a atenção de empreendedores e empresários para o programa Sustainable Fast Track, uma iniciativa que visa premiar negócios na área da sustentabilidade, oferecendo-lhes facilidade na sua instalação no centro de Londres.
As autoridades britânicas esperam captar o interesse de cerca de uma centena de empresas para este programa, que oferecerá aos projetos selecionados espaço de escritórios em Londres, bem como serviços jurídicos e de contabilidade, com as despesas pagas por seis meses.
Segundo Christina Liaos, há uma outra vantagem. Ao instalar-se em Londres, uma empresa terá maior facilidade em aceder a fontes de financiamento. O Governo britânico quer fazer a ponte e ajudar os empreendedores com produtos na área da sustentabilidade. "Iremos colocá-los à frente da comunidade de financiadores", nota Christina.
Em conversa com o Expresso no expositor do Reino Unido na Web Summit, a mesma responsável assegura que a incerteza do Brexit não penalizou o interesse dos investidores e empresários pelo Reino Unido. Nos últimos anos a afluência de novos negócios a solo britânico tem-se pautado pela estabilidade. "As empresas continuam a fazer negócios. E o Reino Unido são quase 70 milhões de consumidores", acrescenta.
Um dos objetivos do Sustainable Fast Track é o de selecionar e apoiar negócios na área da sustentabilidade e, segundo Christina Liaos, isso encaixa bem na vontade do Reino Unido de ser o maior investidor do G7 em África, continente particularmente propenso à adoção de produtos e ideias na área da sustentabilidade, seja na energia, na agricultura, ou noutros segmentos.
Human Shojaee, presidente executivo da empresa Sustainary, acompanha o governo britânico nesta missão para captar para Londres negócios na área da sustentabilidade. "É verdade que há uma guerra entre os países para atrair startups. Mas este programa visa especificamente os investimentos em sustentabilidade", frisa Human Shojaee.
Para o responsável da Sustainary, a mera participação no Sustainable Fast Track já garante às empresas uma visibilidade junto da comunidade de investidores que pode ser crucial para dar escala ao negócio. "É fundamental para estas novas empresas ter visibilidade", aponta o líder da Sustainary.
London Calling: Reino Unido veio à Web Summit em busca de negócios sustentáveis
O Brexit é temperado com otimismo pelos responsáveis britânicos, que vieram a Lisboa vender o programa Sustainable Fast Track. Até porque “Londres não vai desaparecer como centro financeiro”, promete Christina Liaos