Transportes

65 anos da invenção do cinto de segurança: o que mudou até agora?

Há 65 anos, a Volvo criou o cinto de segurança como o conhecemos hoje. Foram precisos alguns estudos que comprovassem a pertinência deste elemento de segurança e a sua obrigatoriedade em todos os veículos. Seis décadas depois, a Volvo estima que o cinto de segurança tenha salvado a vida de mais de 1 milhão de pessoas

Volvo

Os cintos de segurança nem sempre tiveram as configurações que conhecemos atualmente. A primeira versão foi criada no final do século XIX e tinha como objetivo assegurar que os ocupantes das carruagens movidas a cavalo não caíssem durante as viagens, por conta das irregularidades das estradas. Mais tarde, esse modelo foi adaptado para a aviação e só na década de 1940/1950 é que começou a aparecer, com maior regularidade, nos carros.

O cinto de segurança até então era ainda bastante simples, composto, apenas, por uma única faixa que passava sobre o colo do ocupante. Em colisões mais bruscas, uma vez que não havia qualquer proteção da cintura para cima, os ocupantes podiam sofrer lesões mais graves.

Foi com o objetivo de aumentar a segurança que há 65 anos, no dia 13 de agosto de 1959, o engenheiro sueco Nils Bohlin, a pedido da Volvo, criou o cinto de segurança de três pontos, aquele que continua a ser utilizado até aos dias de hoje. Este sistema permite ajustar a faixa ao próprio corpo e oferecer um maior nível de segurança e estabilidade aos ocupantes dos veículos.

Nesse mesmo ano, a marca apresentou dois modelos de veículos com esta inovação: o Volvo PV544 e o Volvo P120 (Amazon).

Três anos depois, a United States Patent Office (USPO) atribuiu a Nils Bohlin a patente nº3043625 pelo design do seu cinto de segurança. A Volvo, no entanto, “fez questão de patentear a inovação, deixando-a aberta”. “Todos os condutores podiam assim beneficiar da tecnologia de segurança da Volvo, independentemente da marca estivessem a conduzir”, refere a marca sueca em comunicado.

Até ao momento não há dados disponíveis que contabilizem o impacto financeiro do levantamento da patente para a própria Volvo. A empresa destaca apenas que este foi “mais um marco histórico do compromisso da Volvo para com a segurança”.

Volvo P120 (Amazon) - 1959
VOLVO

Cinto de segurança obrigatório há quase 2 décadas

Em 1970, entrou em vigor a Regulação nº16, introduzida pela ONU, a “única reconhecida internacionalmente para o uso de cinto de segurança”. Neste documento foram estabelecidos padrões mínimos para a fabricação e instalação de cintos de segurança.

“Esta regulação exige que o cinto tenha uma marca de aprovação na lingueta da fivela enquanto outros modelos têm que mostrar um E maiusculo seguido de um número que representa o país certificador”, pode ler-se no website da Organização.

Portugal aderiu à Regulação em 1978. Cinco anos mais tarde, começou a ser obrigatória a utilização de cinto de segurança nos bancos da frente dos veículos ligeiros e, em 1993 a obrigatoriedade estendeu-se, também, aos bancos traseiros.

“Não é muito cómodo as pessoas andarem dentro das cidades constantemente a pôr e a tirar o cinto, mas perante os acidentes que se registam é um mal necessário”, queixava-se uma condutora a uma jornalista da RTP, numa entrevista datada de 1993.

Mais tarde, em 2006, o uso de cinto de segurança tornou-se obrigatório para todos os condutores e passageiros que circulassem em qualquer veículo, (ligeiro ou pesado) na União Europeia.

Segundo a associação Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP), “o cinto de segurança é o único equipamento que, em caso de acidente, permite reter os ocupantes dum veículo nos seus lugares permitindo evitar ou reduzir a gravidade de traumatismos, prevenir a ejeção e manter a consciência para atuar após o embate”.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) refere que o uso correto de cintos de segurança reduz o risco de morte entre motoristas e passageiros dos bancos dianteiros entre 45% e 50% e o risco de morte e lesões graves entre passageiros dos bancos traseiros em 25%.

Em comunicado, a Volvo estima que, a nível global, mais de 1 milhão de pessoas “deva a vida” à utilização utilização do cinto de segurança e “muitas mais tenham evitado lesões graves”.

Autoliv: maior empresa de cintos de segurança

A Autoliv, a maior produtora mundial de airbags e cintos de segurança fundada em 1953, reduziu as suas previsões financeiras para o resto do ano, depois de os resultados do segundo trimestre terem evidenciado uma quebra nas vendas, o que fez com que os lucros ajustados da empresa ficassem abaixo do esperado. A notícia foi avançada pela agência Reuters, em julho.

A empresa sueca prevê, agora, que o crescimento das vendas para o ano inteiro seja de 2%, contra os 5% anteriormente previstos.

O lucro operacional ajustado da Autoliv cresceu para 221 milhões de dólares (202 milhões de euros ao câmbio atual) no segundo trimestre, em relação aos 212 milhões de dólares, (193 milhões de euros) verificados no mesmo período do ano passado. Os analistas estimavam que o aumento do lucro operacional ajustado da empresa entre abril e junho de 2024 fosse de 265 milhões de dólares (242 milhões de euros).

Desde o ano passado que a empresa sueca tem vindo a reduzir custos, não só com despedimentos coletivos, como também com o encerramento de fábricas na Europa, em resposta à escalada inflacionista que o setor automóvel tem presenciado.