É uma das surpresas deste governo, Hugo Espírito Santo, o novo secretário de Estado das Infraestruturas, é considerado no setor como uma das pessoas que mais sabe de aviação no país. Consultor e sócio da Mckinsey, o economista era uma das vozes que Fernando Pinto, o anterior presidente da TAP, ouvia quando queria fazer alterações estratégicas na companhia. Conhece Luís Rodrigues, presidente da transportadora, com quem se cruzou como consultor quando este era administador da TAP, o que aconteceu entre 2009 e 2014.
Fez a maior parte do seu percurso na Mckinsey, onde estava há mais de 20 anos. Licenciou-se em economia pela Universidade Católica de Lisboa. E tirou o MBA no INSEAD.
Fernando Pinto esteve algum tempo a estudar o mercado europeu de aviação quando veio para a liderança da TAP, mas sempre que precisava de fazer mudanças mais profundas recorria à Mckinsey, consultora especializada em aviação, e Hugo Espírito Santo era um dos membros que mais ouvia, conta ao Expresso um antigo quadro da TAP.
Cordial e competente, o trabalho de Hugo Espírito Santo era apreciado pelos quadros de topo da companhia, com quem se reunia, para avaliarem o desempenho da transportadora e desenhar estratégicas. O consultor, de perfil discreto, é visto dentro da TAP como alguém que conhece bem a companhia e tem um conhecimento do setor a nível internacional, especialmente europeu, o que, consideram, lhe permitia fazer uma boa análise da situação.
Com a chegada do acionista privado, David Neeleman, à TAP, em 2015, a Mckinsey acabou por deixar de assessorar a transportadora, que passou a recorrer então mais à consultoria norte-americana.
Uma mais-valia na privatização
Hugo Espírito Santo terá a seu cargo alguns dos dossiês mais sensíveis deste Governo, a privatização da TAP e a localização do novo aeroporto. Temas centrais no anterior e que provocaram dissabores e afastamento de superministros como Pedro Nuno Santos e João Galamba.
Será uma mais-valia numa eventual futura privatização da TAP, cujo modelo não está ainda definido, mas que se seguir o figurino previsto na anterior governo deverá ser por venda direta. Montenegro ainda nada disse sobre a privatização da TAP, mas tudo aponta para que o projeto de venda se mantenha em cima da mesa.
António Costa admitia a privatização até 100%, Pedro Nuno Santos, o secretário geral do PS era defensor de que o Estado mantivesse o controlo da TAP. O que farão os seus sucessores em breve se saberá. O tema é bem conhecido do atual ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz era secretário de Estado quando no último governo de Pedro Passos Coelho foi privatizada a TAP e vendido o seu controlo a David Neeleman e Humberto Pedrosa.
E o novo aeroporto vai para…
Mais do que a privatização da TAP a pressão irá sentir-se na definição da localização do novo aeroporto. É uma pergunta ainda sem resposta: Alcochete, Santarém ou Vendas Novas? Tudo pode acontecer. E apesar do Montijo não ter visto renovada a Declaração de Impacte Ambiental, o Expresso sabe que a ANA - Aeroportos de Portugal ainda não desistiu desta localização.
Um dos últimos atos públicos de António Costa foi receber das mãos da Comissão Técnica Independente o relatório final com avaliação das localizações, onde Alcochete é apontada como a escolha mais acertada. Resta saber qual será a escolha política, um tema armadilhado que Pinto Luz e Espírito Santo terão de desarmadilhar.
Sócio do escritório de Lisboa da McKinsey, Hugo Espírito Santo tem sido um dos líderes da prática da consultora em Angola, com experiência na área das viagens, transportes e logística da McKinsey para África. Lidera alguns dos maiores projetos de transportes e infraestruturas da consultora neste segmento. "Ao longo da sua carreira profissional desenvolveu particular experiência no sector da aviação“, lê-se na página oficial da Mckinsey. Hugo Espírito Santo é também conhecedor da área do turismo.