A dona Nazaré abre a bolsa de mão e tira de lá um papel dobrado em quatro. “Se o autocarro passar a horas, é às 8h40”, diz a senhora, de 75 anos. Traz o horário impresso a preto e branco sempre consigo, uma vez que na paragem do Mercado de Vila do Conde ainda não há qualquer informação sobre as frequências e as carreiras da rede UNIR. “Os horários não estão afixados. Aqueles ainda são os antigos. Está tudo muito confuso”, queixa-se Nazaré Torres, enquanto procura o passe mensal pelo qual paga 30 euros. “Com este péssimo serviço, não compensa. As pessoas nunca sabem se vai passar o autocarro. Muitas vezes prefiro ir a pé para Azurara. Não é muito longe, mas é a subir e eu ando à rasca de uma anca. Custa-me um bocado”, conta ao Expresso. “Já vem ali. Parece-me que é o do Porto”, exclama Nazaré ao avistar a camioneta que assegura a linha 3503, entre a Póvoa de Varzim e o Pólo Universitário.
Desta vez o autocarro chegou a horas, mas nem todos os dias é assim. “Tem havido muitos atrasos. Chegam uma hora depois, já me aconteceu. Normalmente, há sempre barulho aqui na paragem. Até a polícia já teve de vir, por haver confusão. As pessoas que estão à espera discutem com os motoristas, mas eles, coitados, também não têm culpa”, comenta Nazaré Torres, para quem a rede da UNIR só veio dificultar a vida às pessoas. “Antigamente havia muitos mais autocarros, agora tem menos. Alguns vejo-os andar fora de serviço e há aldeias onde nem passam”, afirma a passageira.