Transportes

ANA lamenta que Ryanair justifique retirada de voos com subida de taxas em aeroportos onde tem apoios

Presidente da Ryanair veio esta semana a Lisboa chamar à ANA "o monopolista francês", acusando a empresa de cobrar taxas "excessivas" para as quais diz "não haver justificação". A concessionária reagiu lamentando que a Ryanair utilize como justificação, para a sua decisão de reduzir voos, a atualização das taxas aeroportuárias

Jason Cairnduff/Reuters

A ANA - Aeroportos de Portugal lamentou que a Ryanair recorra ao argumento da atualização das taxas aeroportuárias para reduzir o número de voos na Madeira, Porto e Faro, realçando que houve “três anos de reduções consecutivas” nestes aeroportos. Na realidade, diz a concessionária em comunicado, as taxas médias propostas para 2024 são inferiores às de 2019, último ano antes da pandemia de Covid-19.

A ANA reagiu assim às declarações do CEO (presidente executivo) da transportadora aérea Ryanair, Michael O’Leary, que na terça-feira anunciou a redução de um avião na Madeira e a diminuição do tráfego no Porto e em Faro devido ao aumento das taxas aeroportuárias.

Contestando as declarações do presidente da Ryanair, a ANA avançou com os seus argumentos, dando exemplos: no aeroporto da Madeira, onde a base da companhia de O´Leary beneficia de incentivos e "investimentos significativos" por parte da concessionária, "o aumento das taxas corresponde a aproximadamente um euro (...), já os bilhetes da Ryanair aumentaram quase 16 euros (+21%)" no verão deste ano face ao de 2022.

A ANA considera que a Madeira é “um dos destinos turísticos com maior potencial de desenvolvimento na Europa”, tendo registado um crescimento de 10% no verão de 2023, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Para este indicador contribuíram companhias aéreas como a EasyJet, a Wizzair, a Azores Airlines e a Condor, complementa.

A concessionária realça ainda que, apesar da anunciada atualização das taxas aeroportuárias a partir de janeiro de 2024, “diversas companhias demonstram um grande interesse em continuar a desenvolver a conectividade na Madeira”.

A SATA (Boston e Toronto), EasyJet (Geneve and Basel), Jet2 (Liverpool e Belfast) e Wizzair (Roma) são algumas das companhias que já confirmaram novas rotas para o próximo verão de 2024, adianta.

A ANA destaca que esta situação acontece na altura em que, de acordo com um comunicado recente do ACI (Airport International Council) Europe, o aumento das tarifas praticadas pelas companhias aéreas na Europa é superior a 38% nos meses de verão (terceiro trimestre).

Indicando que os aeroportos portugueses estão no topo dos que mais crescem na Europa, liderando em termos de competitividade, a ANA assegura que “mantém o seu compromisso com as regiões para continuar a desenvolver a conectividade aérea, trabalhando em parceria e de forma equitativa com todas as companhias aéreas”.

A concessionária aeroportuária sublinha ainda que o produto das taxas é afeto a financiar a segurança, a eficiência operacional e a capacidade e o conforto dos aeroportos, recordando que decorrem intervenções nos vários aeroportos nacionais.

A ANA conclui que a proposta de taxas para 2024 insere ainda um mecanismo de incentivo às aeronaves com menores emissões de carbono, uma medida consonante com a política ambiental da ANA/Vinci Airports e a promoção da descarbonização do setor da aviação.