Não houve público a assistir nem jornalistas a questionar: a assinatura final dos documentos da privatização (e capitalização) da TAP fez-se à porta fechada, na sede da holding pública Parpública, pouco antes da meia-noite de 12 de novembro de 2015. Foi assim que o americano David Neeleman e Humberto Pedrosa assumiram o controlo da companhia aérea, dado pelas mãos de um Governo já atirado para fora do poder, e com a oposição a ameaçar anular a operação. Pagaram €10 milhões por 61% do capital.
Para as câmaras fotográficas tinham ficado só visíveis os acordos assinados em junho daquele ano, quando era ainda o primeiro Governo de coligação de Pedro Passos Coelho que estava em funções; já os contratos finais que envolviam o pagamento, feitos quando o segundo mandato do Governo tinha sido chumbado no Parlamento, foram feitos sem imagens. É esta transação que, oito anos depois, continua sob os olhares do Tribunal de Contas (TdC), da Inspeção-Geral de Finanças (IGF) e do Ministério Público e que ainda é uma arma de arremesso político.