Transportes

Tripulantes da TAP falam em invisibilidade dos trabalhadores no relatório da CPI, dizem-se "usados" e lamentam "omissões"

Sindicato dos tripulantes considera que o relatório preliminar da Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP é um documento com "ligeireza, falta de rigor, omissões e inverdades". SNPVAC sente-se “enganado” pela CPI

O SNPVAC, sindicato dos tripulantes da TAP, tece duras críticas ao relatório preliminar da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à TAP, divulgado na terça-feira, sublinhando que o documento não reflete o impacto que o plano de reestruturação teve na vida dos trabalhadores, nem as reflexões dos sindicatos nas audições.

"Depois de uma primeira leitura do relatório preliminar da Comissão de Inquérito à TAP, o SNPVAC lamenta que o mesmo seja um documento com tamanha ligeireza, falta de rigor, omissões e inverdades, que mais não são que uma falta de respeito para com os tripulantes de cabine da TAP, os trabalhadores do grupo TAP, os portugueses e contribuintes", afirma o SNPVAC, em comunicado.

A direção do sindicato liderado por Ricardo Penarróias diz que se "sente enganada e usada". E defende: "Uma vez mais, a instituição TAP foi usada como um mero joguete político, onde o rigor e a seriedade que era expectável e exigível neste processo foi uma mera ilusão".

E estranha que "o maior processo de reestruturação de uma empresa pública executado nos últimos anos e que implicou uma injeção de dinheiros públicos na TAP de 3,2 mil milhões de euros — com um vergonhoso despedimento coletivo e a saída de milhares de trabalhadores, agravado de um corte nos salários de 25% dos trabalhadores que ficaram — tenha tido direito a seis páginas e meia num relatório com 180 páginas".

O sindicato dos tripulantes afirma que o relatório feito pela deputada socialista Ana Paula Bernardo, ex-secretária geral adjunta da UGT, "transcreve muita informação que é pública desde 2021, mas omite informação nova e muito relevante que foi prestada pelo SNPVAC na CPI".

O SNPVAC diz ainda não compreender como é não consta neste relatório "a informação oficial de que Bruxelas sugeriu e defendeu outras soluções — menos duras e onerosas para os trabalhadores do grupo TAP — no âmbito das negociações do Plano de Reestruturação".

O sindicato lembra que a Comissão Europeia sugeriu ao Governo e à administração da TAP "outro tipo de medidas que compensariam os cortes draconianos que foram infligidos" aos trabalhadores da TAP. Informação confirmada pelo antigo presidente da administração da empresa, Miguel Frasquilho, na Comissão, recorda o mesmo sindicato.

"Hoje sabemos que o Governo optou pelo corte nos salários dos trabalhadores, quando poderia ter mitigado esta situação com outras alternativas propostas por Bruxelas", frisa o SNPVAC.

O sindicato considera ainda: "Infelizmente, este relatório veio confirmar os receios e as críticas feitas pela direção do SNPVAC ao longo das sucessivas audiências na CPI, em que houve muita política e pouca TAP, e onde os seus trabalhadores foram totalmente esquecidos".