Transportes

Depois do veto do Tribunal de Contas, Transtejo lança concurso de €16 milhões para ter baterias nos novos navios elétricos

Apenas um dos dez navios elétricos em construção da Transtejo tem bateria. Só agora, três anos depois da encomenda aos estaleiros das Astúrias, segue o concurso paralelo para a compra de outros nove packs de baterias. Caso levou a demissões

D.R.

Foi dado um novo passo para contornar o veto do Tribunal de Contas à compra das baterias para os navios elétricos que estão a ser construídos em Espanha para a Transtejo. Depois de os ministérios do Ambiente e das Finanças desenharem uma nova fórmula de financiamento e libertarem as verbas, o concurso para a aquisição está a ser lançado. Tem um preço base de 16 milhões de euros.

O anúncio para o concurso público internacional, para a Transtejo adquirir nove conjuntos de baterias marítimas para nove dos 10 navios elétricos que estão a ser construídos, foi enviado para Diário da República na passada sexta-feira, dia 9, ainda não tendo sido publicado, segundo um comunicado da operadora.

“Este concurso, com um valor base de 16 milhões de euros, autorizado pela Portaria n.º 258-A/2023, de 7 de junho, tem por objeto assegurar o fornecimento, compatibilidade e garantia dos sistemas de armazenamento de energia a instalar nos nove navios de propulsão elétrica que vão integrar a nova frota destinada a assegurar o serviço público de transporte fluvial de passageiros entre as duas margens do Rio Tejo na Área Metropolitana de Lisboa, nas ligações de Cacilhas, Montijo e Seixal”, segundo explica o comunicado.

Transtejo levará baterias aos estaleiros

Depois de selecionado o fornecedor e à conclusão do serviço, é à Transtejo que caberá disponibilizar esses nove packs aos asturianos Astilleros Gondán, S.A.. É ali que, por contrato datado de fevereiro de 2020, estão a ser construídos 10 navios elétricos, bem como um conjunto de baterias para um desses navios. Faltavam as baterias para os restantes nove navios em construção.

A Transtejo propôs a aquisição desses conjuntos de baterias, mas o Tribunal de Contas chumbou-o (não era um concurso), além de arrasar a forma escolhida pela administração, por comprar navios sem baterias (“É como comprar um carro sem motor”). A administração em funções demitiu-se, e o lançamento do concurso público internacional foi a forma encontrada para contornar esse veto.

Verbas libertadas

O concurso avança agora que já há verbas libertadas. Segundo a divisão de custos, que teve de ser formalizada em Diário da República numa portaria publicada na semana passada por Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente, e Sofia Batalha, secretária de Estado do Orçamento, ficou definido que em 2024 serão gastos 9 milhões de euros, estando previstos para este ano quase 7 milhões de euros, totalizando os 16 milhões que o Executivo prevê gastar nesta operação. São mais do que os 10 milhões de euros que a Transtejo contava gastar, mas a pandemia e a guerra elevaram o custo.

A Transtejo poderá financiar-se em 9,2 milhões de euros, enquanto o Fundo Ambiental, veículo que tem receitas de taxas ligadas a dióxido de carbono, pagará 6,8 milhões desta despesa. Porém, ao contrário do que o Governo pretendia, já não serão utilizadas diretamente verbas europeias no âmbito de uma candidatura ao Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR).

Com o envio para publicação do anúncio do concurso internacional, cumpre-se a intenção do secretário de Estado da Economia, Jorge Delgado, que ao “Jornal de Negócios” e à Antena 1 tinha dito que, dependendo do sucesso do concurso, as baterias poderiam ser colocadas nos três navios que se antecipa chegarem este ano: “Os que vierem, se conseguirmos comprar as baterias e em tempo instalá-las nos navios, já virão com as baterias”, disse o governante.

“O Plano de Renovação da Frota permite à Transtejo transformar a sua operação numa referência do serviço público de transporte de passageiros – serviço fiável, seguro, confortável e sustentável – e contribuir para o processo de descarbonização da atividade”, defende a empresa de transportes que faz a ligação no Tejo.