Transportes

Preços pagos pelos passageiros da TAP em 2022 ficaram 20% acima dos valores pré-pandemia

Com a subida do custo do combustível de aviação e o regresso da procura, os preços dos bilhetes dispararam e na TAP o aumento, face a 2019, foi de 20%. Margem da empresa portuguesa superou as das candidatas à compra da TAP

Christine Ourmières-Widener, CEO da TAP
RICARDO LOPES

De regresso aos lucros cinco anos depois, e dois anos antes do previsto no plano de reestruturação, a TAP beneficiou do corte de custos com os trabalhadores mas também do aumento dos preços dos bilhetes, já que as tarifas aéreas médias subiram cerca de 20% face a 2019, revelou esta terça-feira a companhia, ainda liderada por Christine Ourmières-Widener.

O aumento do preço dos bilhetes, refira-se, é uma tendência generalizada no setor da aviação, que se acentuou no ano passado.

O valor médio da tarifa aérea mede-se pela yield, indicador que traduz o valor médio pago por um passageiro para voar um quilómetro, e é calculada com a divisão da receita de passageiro pelo total de assento-quilómetro ocupado. Em 2022, a yield da TAP era de 7,72 cêntimos de euro por quilómetro.

A companhia aérea terminou o exercício de 2022 com lucros de 65,6 milhões de euros e receitas de 3,5 mil milhões, um recorde. Ou seja, na prática, as receitas da TAP aumentaram 186 milhões de euros face a 2019, e subiram apesar de a companhia ter transportado menos passageiros do que no último ano antes da pandemia.

Em 2019 a TAP transportou 17,1 milhões de passageiros, mais 3,3 milhões do que os 13,8 milhões de passageiros transportados em 2022.

Melhor margem que as candidatas à privatização

O ano 2022 foi de recuperação. A margem de EBITDA (meios operacionais libertos) da TAP é superior à das suas congéneres, salienta a transportadora.

A TAP apresentou uma margem de EBITDA de 21,8%, contra 14,3% da IAG (Iberia/British Airways) 12,7% da Air France/KLM e 6,2% da Lufthansa. A transportadora portuguesa mostra assim que teve uma margem melhor do que as potenciais candidatas à sua compra.

Os gastos operacionais subiram 11,8% para os 3,3 mil milhões de euros, com o aumento superior a 200% nas despesas com combustível e nos gastos operacionais de tráfego.

Os custos com o jet fuel (combustível de aviação) ascenderam a 1058 milhões de euros, uma subida significativa face aos 767 milhões de euros gastos em 2019, ano em que a TAP não só tinha uma frota maior, como transportou mais passageiros.

Apesar de ainda vigorarem os cortes de 25% da remuneração dos trabalhadores que foram aplicados em 2021, os custos com pessoal subiram 11,6% entre 2021 e 2022, com a contratação de 779 novos trabalhadores.