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Sistema financeiro

Salgado: o homem acusado de um poder autocrático no Grupo Espírito Santo foi obrigado a ir ao tribunal, foi confrontado, mas não voltará

Ricardo Salgado chegou, pouco respondeu, e saiu. O advogado vê “uma página negra” escrita na justiça. O Ministério Público considera que o poder no Grupo Espírito Santo “foi assumido de forma autocrática pelo arguido Ricardo Salgado”. O homem que durante mais de duas décadas liderou o BES não voltará à sala de audiência, mas os 62 crimes que lhe são atribuídos vão a julgamento

TIAGO MIRANDA

Chegou de mão dada com a mulher, Maria João Salgado, com passos lentos e limitados, de ténis azuis sem atacadores. Foi assim que Ricardo Salgado percorreu um pequeno caminho de pedra até à entrada do edifício A do Campus de Justiça, em Lisboa, que se estendeu por mais de cinco minutos.

Sem proteção policial, e com um bloco de jornalistas, fotógrafos e câmaras de filmar à sua volta, o antigo banqueiro, hoje com doença de Alzheimer, fez um percurso ainda mais demorado porque pela frente surgiu um lesado do Banco Espírito Santo.

Na sala de audiências, identificou-se, deu respostas pouco concretas (soube o nome, confundiu-se num dos nomes da mãe), saiu e ficou dispensado de voltar.