O Mais Sindicato, o SBN e o SBC recusaram a proposta de aumento das tabelas salariais de 3% por parte dos bancos subscritores do ACT para 2024.
Para estes três sindicatos afetos à UGT, “face aos milhões e milhões de lucro a cada trimestre, aceitar um acordo com base nesse valor percentual é trair os bancários”. Recorde-se que a reivindicação para 2024 é de um aumento de 6%.
Reunidos com o grupo negociador esta quarta-feira, os bancos apresentaram nova proposta salarial e de cláusulas de expressão pecuniária, subindo de 2,5% para 3%. Um percentual aceite por outro sindicato, o Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB).
Em comunicado, “os sindicatos da UGT de imediato rejeitaram a proposta, considerando-a insuficiente face à perda de poder de compra de ativos e reformados, aos ganhos de produtividade no setor e aos avultados lucros da banca”, que revelam a capacidade dos bancos “remunerarem melhor os trabalhadores”. Por tudo isto, dizem, as negociações vão continuar.
"O despudor da banca não conhece limites, mas não é único. Infelizmente para a classe bancária, há quem esteja disposto a seguir-lhe o jogo e deitar a perder a luta de todos, sabe-se lá em nome de que interesses obscuros", diz o comunicado do Mais Sindicato, Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Banca, Seguros e Tecnologias (SBC) e o Sindicato dos Trabalhadores do Sector Financeiro de Portugal, (SBN).
Traição?
As três estruturas referem que, “depois de duas reuniões conjuntas de todos os sindicatos do setor, em que por unanimidade foi decidido encetar ações conjuntas para pressionar a banca a aceitar aumentos salariais dignos, que compensassem a perda do poder de compra e a produtividade, bem como uma repartição mais justa da riqueza gerada, um único sindicato quebra a união de forças e assina um acordo que em nada contempla o que reivindicava à boca cheia”.
Em comunicado pode ler-se ainda que o sindicato que aceitou (SNQTB) foi o que “nas reuniões com os demais defendia as ações mais radicais, chegando mesmo a defender uma greve até três dias!”.
E questionam: "Para onde voou toda essa bravata? Afinal, parece que basta uma migalha para o calar", rematam.
Os sindicatos afetos à UGT consideram surpreendente que um sindicato (nunca referindo que se trata do SNQTB) “tenha aceitado um acordo com um aumento salarial que é praticamente metade do valor que defendia ainda há uma semana e, mais ainda, que justifique a sua traição aos bancários com os mesmos argumentos da banca!”. Recorde-se que este sindicato reivindicava um aumento de 5,8%.
Acusam o SNQTB de romper “com uma prática de décadas” e, em vez de contabilizar no cálculo "a inflação do ano passado – que é um facto – enganosamente utilizam a inflação prevista para este ano – um pressuposto!"
Os sindicatos afetos à UGT acusam: "Que a banca tenha este comportamento é uma vergonha; mas que um sindicato faça o mesmo é mais do que uma cedência às entidades patronais, é dividir os sindicatos, enfraquecer a luta de todos e pactuar miseravelmente com os patrões para empobrecer os bancários no ativo e reformados."
A “luta por melhores salários ficou gravemente comprometida, mas não será abandonada”, sublinham, já que o MAIS, SBN e SBC vão continuar a "exigir que os bancários, ativos e reformados, tenham aumentos dignos e melhoria do poder de compra. Os lucros dos bancos não podem ser só para os acionistas".
E concluem dizendo que “as ações ficam com quem as pratica": "Os bancários têm boa memória e não perdoam quem os trai”.