No primeiro trimestre de 2024, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) engordou o lucro em 38,4% face a março de 2023, para 394,5 milhões de euros, informou esta quinta-feira o banco estatal. O negócio doméstico contribuiu com 343 milhões de euros e os resultados das operações internacionais geraram ganhos de 51 milhões de euros.
O lucro na atividade em Portugal registou uma subida de 47,8% e para isso contribuíram ainda as receitas com a margem financeira (diferença entre os juros pagos nos depósitos e juros cobrados nos créditos). A margem financeira em Portugal cresceu 9,2%, para 354 milhões de euros. Já as comissões registaram uma queda de 7%, para 142 milhões de euros.
O ROE, indicador da capacidade de remunerar o acionista, fixou-se no primeiro trimestre nos 16,8%, e o rácio de capital CET1 situou-se nos 20,5%.
Dividendos de 525 milhões e outros 300 milhões em cima da mesa
O presidente executivo do banco público, Paulo Macedo, sublinhou, no início da apresentação dos resultados, que a Caixa vai entregar ao Estado cerca de 770 milhões de euros, a pagar no segundo trimestre, dos quais 525 milhões em dividendos. O restante diz respeito a 226 milhões de impostos e custos regulatórios e cerca de 14 milhões de euros (anuais) de rendas do edifício sede, o qual passou para o Estado como parte do dividendo relativo a 2023. Por mês as rendas ascendem a mais de 1 milhão de euros.
Paulo Macedo disse que houve da parte da Caixa vontade em entregar o imóvel (sede) como dividendo. E continua a existir vontade em pagar a totalidade do capital colocado no banco em 2017.
Paulo Macedo afirmou que “há vontade em entregar ao Estado mais 300 milhões por conta dos dividendos”, o que se somará aos 525 milhões propostos para o segundo trimestre do ano. O gestor reforçou que nada foi conversado com o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, sobre este dividendo adicional de 300 milhões de euros.
Paulo Macedo sublinhou ainda que os capitais próprios da Caixa ultrapassaram pela primeira vez os 10 mil milhões de euros, através de geração de capital orgânico. E enfatizou também que “o capital gerado desde 2017, no montante de mais de 5,2 mil milhões de euros, supera em 1,33 vezes os 3,94 mil milhões de euros de investimento público do plano de recapitalização”.
Depósitos crescem 2%, crédito às empresas 1,7% e ao consumo 9%
No primeiro trimestre de 2024, os depósitos na CGD ascenderam a 70,5 mil milhões de euros, mais 2% do que em igual período de 2023. Já os investimentos em produtos fora do balanço (fundos e seguros) totalizou 23 mil milhões de euros, embora a CGD não disponibilize o montante do mesmo trimestre em 2023.
No que toca ao crédito concedido nos primeiros três meses do ano ascendeu a 53,04 mil milhões de euros o que corresponde a um aumento marginal de 0,5%.
O crédito ao consumo foi o que mais cresceu: 9% face a março de 2023 para 1,125 mil milhões de euros.
Já o crédito à habitação recuou marginalmente 0,8%, para 24,5 mil milhões de euros. E o crédito concedido às empresas e setor público subiu 1,7% para quase 20 mil milhões de euros (19.997).
Brasil continua à espera
A Caixa já reconheceu nas contas de 2023 que não tem nada a receber do seu banco no Brasil. Paulo Macedo afirmou na apresentação de resultados que o banco deu durante anos prejuízos, depois disso estabilizou com resultados neutros e agora tem um resultado “marginalmente positivo”.
O banco está há anos para ser vendido, mais de seis anos e a intenção continua em cima da mesa.
Paulo Macedo sublinha que continuam a rentabilizar a operação, e que não houve ainda nenhuma conversa com o atual ministro das Finanças.
Sobre a venda do banco em Cabo Verde, o presidente da Caixa aguarda luz verde dos vários reguladores. O banco foi vendido por 70,5 milhões de euros.