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Sistema financeiro

BBVA quer o Sabadell contra a vontade da administração (e do Governo espanhol). Que negócio é este e como afeta Portugal?

O BBVA oferece pelo Sabadell o valor da portuguesa Jerónimo Martins. São 12 mil milhões que não convenceram a administração do banco catalão, mas com que o banco basco espera atrair os acionistas. Uma tentativa de compra que chega em plena campanha eleitoral na Catalunha e que já recebeu até avisos do Executivo de Sánchez, das comunidades autonómicas e da autoridade da concorrência

Ricardo Rubio/Getty Images

O BBVA transformou a proposta de compra sobre o Sabadell, feita no último dia de abril, numa oferta hostil. Com a rejeição da administração do Sabadell, o BBVA procura agora que os acionistas do banco de raiz catalã vendam a sua posição. O Governo espanhol, que tem de aprovar, já se mostrou contra. Tudo demorará agora mais de meio ano, e com espaço para voltas e reviravoltas, até porque este é um tipo de transações raras pela Europa.

A hipótese de uma oferta pública de aquisição (OPA) hostil do BBVA sobre o Sabadell era já mencionada, tendo em conta a fragmentada estrutura acionista do segundo, sem investidores de referência (a gestora de ativos americana BlackRock, com 3,6%, é a principal detentora de capital). E foi a opção que o BBVA seguiu, oferecendo aos acionistas do Sabadell as mesmas condições que a administração desse banco tinha recusado e que considerava que o “subavalia”.

São oferecidos cerca de 12 mil milhões de euros, em linha com o atual valor de mercado da retalhista portuguesa Jerónimo Martins, a dona dos supermercados Pingo Doce. O preço representa um prémio de 30% sobre o valor das ações antes da primeira oferta, a amigável, e dará 16% da entidade resultante da fusão aos acionistas do Sabadell. Um preço que oferece quatro anos depois de uma outra tentativa (fracassada, nessa altura) de união.