Sistema financeiro

Lucro anual do Crédito Agrícola mais do que triplica, para 296,8 milhões de euros

Em 2023, os resultados consolidados do grupo Crédito Agrícola dispararam para 296,8 milhões de euros, um aumento de 238,1%, depois de as contas de 2022 terem sido reexpressas devido à implementação de duas normas contabilísticas. A rentabilidade dos capitais próprios situou-se em 13,1%

Licínio Pina é o presidente executivo do grupo Crédito Agrícola desde 2013
ANTÓNIO PEDRO FERREIRA

O lucro do grupo Crédito Agrícola ascendeu a 296,8 milhões de euros em 2023, mais 238,1% do que no ano anterior, informou o Crédito Agrícola esta segunda-feira, em comunicado. Para este resultado o negócio bancário contribuiu com 287,9 milhões de euros, mais 286,5% que em 2022, cujo resultado foi reexpresso em baixa de 98,1 para 74,5 milhões de euros.

Os resultados das seguradoras do grupo sofreram uma reexpressão maior. Em 2022 as contas apontavam para lucros de 58 milhões de euros, mas foram agora reexpressos para 2,1 milhões de euros. Em 2023, o resultado (ainda não auditado) do negócio segurador do grupo liderado por Licínio Pina ascendeu a 14,4 milhões de euros.

Essa necessidade de reexpressar os números de 2022 deveu-se sobretudo à “implementação das normas contabilísticas IFRS 17 e 9, a partir de 1 de janeiro de 2022, apenas com impacto nas contas individuais das seguradoras do grupo CA e, consequentemente, nas contas consolidadas”, explica o grupo.

O grupo explica que “os rácios prudenciais apresentados com referência a 31/12/2023 foram os reportados no início de fevereiro, podendo ainda ser sujeitos a alterações”.

A margem financeira mais do que duplicou, crescendo 103,8%, ao passar de 367,8 milhões de euros em 2022 para 749,5 milhões de euros em 2023.

Já a rentabilidade de capitais próprios, que mede a capacidade de remunerar o capital, ficou nos 13,1% em 2023.

O presidente do grupo, Licínio Pina, diz que “o contexto que temos vivido, sobretudo na Europa, tem impulsionado o crescimento do sector, e os resultados financeiros alcançados são reflexo disso mesmo”, referindo que “os indicadores de liquidez e solvabilidade são robustos, acima dos níveis recomendados ou requeridos, consolidando a nossa posição no sector bancário”. O rácio de capital de fundos próprios totais foi de 22,4% no final de 2023, tal como o rácio CET 1.

Não foi só a margem financeira que ajudou ao crescimento dos lucros. As comissões líquidas subiram 10,7% para 153 milhões de euros. E o resultado das operações financeiras ascendeu a 28,5 milhões de euros, depois de em 2022 ter sido negativo em 14,7 milhões de euros.

No que diz respeito aos indicadores que pesaram nas contas, verificou-se um reforço de imparidades e provisões, que ascenderam a 129,1 milhões de euros em 2023, mais 125% do que os 57,4 milhões de euros de 2022.

No grupo verificou-se também um crescimento dos custos de estrutura de 5,1%, para 421,2 milhões de euros.

Tal como têm sublinhado os restantes bancos do sistema, também o Crédito Agrícola diz que em 2023 se registou um “acréscimo dos impostos, que ascenderam a 115,2 milhões de euros em 2023, um montante 219% superior ao registado em 2022”.

Crédito sobe 0,6% e recursos caem

A carteira de crédito total ascendeu a 12.059 milhões de euros, o que correspondeu a um acréscimo de 0,6%. O banco sublinha que “neste acréscimo está incorporada a quebra verificada no segmento de crédito habitação no valor de 118,1 milhões de euros (ou -3,3%) face a dezembro de 2022”, referindo que a quota de mercado em crédito concedido a clientes (total) registou o valor de 5,78%.

Por outro lado, o grupo viu os recursos de clientes decrescerem 1,1% para 22 mil milhões de euros, com os recursos dos clientes dentro do balanço a derraparem 1,9% e os recursos fora do balanço (fundos de investimento e seguros de capitalização) a crescerem 7,1%. para 2,16 mil milhões de euros.

Em comunicado, o CA refere que “81% dos depósitos de clientes beneficiavam de garantia do Fundo de Garantia de Depósitos", e que "80% do total de depósitos correspondiam a depósitos de clientes particulares e 20% a depósitos de empresas".

No final do ano passado o CA tinha 4136 trabalhadores e 618 balcões. Tal como a CGD, o grupo avançou com uma atualização salarial de 2,5%, sem prejuízo das negociações que estão em curso com os sindicatos da banca.

Notícia atualizada às 15h50, de 5 de março, para substituir as referências à “correção” dos resultados de 2022 por “reexpressão”, associada à adoção das normas contabilísticas.