Sistema financeiro

Lucro do BPI em 2023 subiu 42%, para 524 milhões de euros

O lucro anual do BPI subiu 42% em termos consolidados, para 524 milhões de euros. Só em Portugal os ganhos dispararam 86%, para 444 milhões de euros, revelou esta segunda-feira o banco liderado por João Pedro Oliveira e Costa

José Fernandes

O BPI fechou 2023 com uma “evolução muito positiva”, afirmou o seu presidente executivo, João Pedro Oliveira e Costa, na apresentação de resultados do banco esta segunda-feira. Em Portugal os resultados ascenderam a 444 milhões de euros, mais 86% do que em 2022. Em termos consolidados os ganhos ascenderam a 524 milhões (mais 42% que em 2022), com a participação do banco em Angola (BFA) a apresentar uma redução dos lucros de 57% para 42 milhões de euros. A participação no BCI em Moçambique registou um acréscimo nos ganhos de 13%, para 39 milhões de euros.

Para os resultados de 2023 contribuiu expressivamente o crescimento da margem financeira (diferença entre os juros cobrados no crédito e os juros pagos nos depósitos) de 72%, para 943 milhões de euros.

O presidente executivo do BPI destacou o crescimento dos juros nos créditos. E frisou o aumento do custo nos depósitos, quando, a partir de fevereiro, o banco começou a subir a remuneração dos produtos com o prazo de um ano, embora se verifique já uma descida (como, aliás, está a acontecer com outros bancos).

As comissões líquidas do BPI caíram 1%, para 291 milhões de euros.

Crédito aumenta 3% e depósitos derrapam 4%

O crédito total concedido pelo BPI ascendeu a 30,1 mil milhões de euros, registando um crescimento de 3%, com destaque para os empréstimos concedidos a empresas e ao sector público. O crédito a empresas subiu 5%, para 11,5 mil milhões de euros. No crédito à habitação verificou-se um crescimento de 2%, para 16,2 mil milhões de euros. Só o crédito ao consumo registou uma queda de 6%, para 1,7 mil milhões de euros.

Os recursos captados decresceram no total 3%, para 37,9 mil milhões de euros, com uma queda mais acentuada (4%) nos depósitos, para 29,3 mil milhões de euros. Os recursos fora do balanço, fundos de investimento e outras aplicações, mantiveram-se inalterados.

Custos aumentam, mas eficiência melhora

Os custos de estrutura aumentaram 11%, para 492 milhões de euros. Dentro desta rubrica destaca-se o aumento de 20% dos gastos administrativos, para 168 milhões de euros, bem como a subida de 9% das amortizações e de 5% dos custos com pessoal, para 251 milhões de euros.

Os custos não recorrentes incluíram um custo de 32 milhões de euros com rescisões até final de 2023.

Já o rácio cost-to-income (que faz a relação entre custos e proveitos) registou uma melhoria acentuada de 50% em 2023, para 39%.

O BPI tem um rácio de NPE (non performing exposure, exposição a crédito não produtivo) de 1,5%, “o melhor indicador no setor financeiro em Portugal”, diz o banco, sublinhando ainda o rácio NPl (específico para o malparado) de 1,9%.

As imparidades de crédito líquidas de recuperações situaram-se em 51 milhões de euros em 2023, o que correspondeu a um custo do risco de crédito de 0,16%, explica o BPI.

A rentabilidade do capital, o ROTE que é calculado dividindo o lucro pelo património liquido, situou-se em 16%.

Os custos com impostos, encargos regulamentares e segurança social totalizaram no ano passado 335 milhões de euros. Em 2022 o BPI pagou 207 milhões de euros nesta rubrica.

O CET1 , rácio de capital mais exigente, situou-se nos 14,1% , e em 2022 estava nos 14,8%.